A pesquisa "Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil", realizada pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra dados sobre vítimas de agressões. Neste Mês da Mulher, a Folha se debruça sobre a violência de gênero.
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Bárbara Blum
Escreve sobre gênero no Todas e apresenta o podcast Modo de Viver. Foi editora-assistente da Ilustrada
Quem vê a violência de gênero?
Você já deve ter ouvido falar no ditado "em briga de marido e mulher não se mete a colher". A mensagem é clara: fique fora de conflitos entre casais. E é isso mesmo que parece acontecer em nove em cada dez casos de agressão contra mulheres. Esse é o número que representa quantas ocorrências tinham testemunhas. O dado é parte da pesquisa "Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil", realizada pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Outro dado chamativo é o de que ao menos 35% das mulheres que foram vítimas não letais de armas de fogo já tinham atendimentos anteriores na rede de saúde de violência doméstica praticada pelo agressor. Na maioria das vezes, eram maridos, namorados, ex-parceiros, parentes ou amigos. O número, de 4.395 mulheres em 2024, é 23% maior do que no ano anterior.
O registro de feminicídios, crime que foi tipificado em uma lei no país há dez anos, cresceu. Em 2024, foram 1.459 vítimas; no período anterior, foram 1.448. Desde a criação da lei o Brasil já soma quase 12 mil vítimas, segundo dados até janeiro deste ano do Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública), do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Em edições anteriores da newsletter, falamos muito dos impactos da eleição de Donald Trump para as mulheres e pessoas LGBTQIA+. Um desses impactos, porém, é sutil. Elon Musk, braço-direito do republicano, tem sido vocal nas redes sociais sobre a crise de natalidade do hemisfério norte. Agora, começam a aparecer políticas que traduzem essa preocupação, como a promessa de facilitação do acesso à FIV (fertilização in vitro) pelo governo americano.
Essa preocupação não é exclusiva de Musk—líderes da ultradireita europeia também embarcaram na narrativa e promovem discursos e políticas nessa toada. O húngaro Viktor Orbán, por exemplo, anunciou uma isenção de impostos para mulheres que tenham ao menos dois filhos.