Dois dias depois do anúncio de um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta sexta que pode "conversar" com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre o tarifaço, mas "não será agora". Trump reafirmou que Lula estaria dando "tratamento injusto" ao ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, informa a colunista Mariana Sanches. Trump havia anunciado que as tarifas começam a valer em 1º de agosto. Observadores lembraram dos recentes recuos do republicano -atitudes imortalizadas nas redes sociais sob o acrônimo TACO ("Trump always chickens out", ou "Trump sempre recua")- e ressaltaram que é cedo para saber se as tarifas efetivamente serão cobradas. Enquanto isso, seguem as especulações sobre os efeitos econômicos e políticos da inusitada medida trumpista. Jamil Chade cita estudo da UFMG que afirma que as tarifas vão custar ao país 0,16% do PIB, o equivalente a R$ 19,2 bilhões, além de ceifar 110 mil empregos. O estado mais afetado será São Paulo, do governador Tarcísio de Freitas, admirador de Trump e de Bolsonaro. O colunista Graciliano Rocha traz relatório da XP Investimentos que vê um impacto macroeconômico limitado no tarifaço, mas com consequências microeconômicas relevantes em setores como aeroespacial, siderurgia, celulose e alimentos. O jornalista econômico José Paulo Kupfer também resume estimativas que apontam para um impacto limitado, mas lembra que tudo é um pouco "chute" -uma vez que, dado o caráter de Trump, nem se sabe se a ameaça será concretizada. Kupfer também prevê uma negociação difícil pela frente. Na seara política, analistas sustentam que a medida intempestiva de Trump pode ter sido um "tiro no pé" da extrema direita brasileira e um presente que caiu no colo do presidente Lula, possível candidato à reeleição em 2026. O jurista Wálter Maierovich afirma que, ao defender um indulto a Bolsonaro, o provável candidato presidencial Tarcísio "deixa cair a máscara" de democrata. E Josias de Souza observa a proverbial sorte de Lula, que, segundo ele, foi recentemente "presenteado" pelos adversários com dois inimigos antigos: os bilionários e Tio Sam. Para o articulista, o ex-metalúrgico "retirou da mochila duas ferramentas antigas: a luta de classes e o nacionalismo" e com isso se revigorou para tentar a reeleição. Essas são algumas das análises até aqui -isto é, se o TACO não agir. Mariana Sanches: Trump diz que pode falar com Lula, mas 'não agora': 'Injusto com Bolsonaro' Mariana Sanches: Aliados de Bolsonaro não têm como fazer Trump recuar de tarifas Jamil Chade: Taxa de Trump ameaça 110 mil empregos e gera perda de R$ 19 bi; SP lidera Jamil Chade: Sob Trump, déficit brasileiro com EUA aumentou em 500% e desmente carta Jamil Chade: Com temor de alta do café e suco de laranja, empresas dos EUA se mobilizam Jamil Chade: Em carta, parlamentares brasileiros denunciam Trump a congressistas dos EUA Graciliano Rocha: Essas são as empresas listadas na Bolsa mais expostas ao tarifaço de Trump José Paulo Kupfer: Entenda possíveis efeitos do tarifaço de Trump e dificuldades da negociação Wálter Maierovitch: Aos poucos, Tarcísio tira a máscara ao defender Bolsonaro contra o Supremo Josias de Souza: Adversários fornecem a Lula os inimigos que ele pedia a Deus Leonardo Sakamoto: Trump fez esquerda levar mais gente à Paulista do que direita, calcula USP Reinaldo Azevedo: Flávio: ou se cede a Trump, ou virá bomba atômica; Bolsonaro e mais ameaças —> |