Muitos investidores apostam na renda fixa como uma maneira de obter boa rentabilidade e valorização do patrimônio sem muitos riscos. Um dos produtos mais comuns dessa classe de ativos são os CDBs (Certificados de Depósito Bancário). Mas você sabia que nem todo CDB é igual? Entenda. O que é um CDB? Espécie de empréstimo a bancos. Se em investimentos como o Tesouro Direto o investidor "empresta" seu dinheiro para financiar as atividades do governo, o CDB funciona de maneira similar. A diferença é que o dinheiro é concedido a instituições financeiras, que usam os recursos para conceder empréstimos a outras pessoas e empresas. Como identificar um bom emissor de CDB?Solidez financeira e rentabilidade compatível com risco. De acordo com o sócio do escritório VNT Investimentos, Braian Largura, a solidez de um banco pode ser avaliada por fatores como patrimônio líquido, lucro recorrente, Índice de Basileia (que mede o quanto uma empresa pegou em dinheiro emprestado para crescer) e ratings de crédito emitidos por agências de classificação de risco. Por outro lado, ele alerta que a rentabilidade deve levar em conta o nível de risco: se um banco menor oferece uma taxa muito acima da média, isso pode indicar maior risco de crédito. Vale também avaliar o tamanho e a reputação da instituição. Guilherme Almeida, head de renda fixa da Suno Research, diz que esse é um bom caminho, sobretudo para os investidores de varejo, que não possuem tanta familiaridade com números e aspectos mais técnicos de instituições. Isso inclui checar sites de reclamações e buscar o histórico de governança e práticas prudentes, observar se já passou por alguma intervenção ou medida cautelar do Banco Central (BC) e se há notícias de problemas financeiros. Diferença entre instituições de grande porte e menores. Almeida cita como exemplos a Caixa, que não precisa fazer tanto esforço para captar recursos, e o Banco Master, que precisa disponibilizar CDBs a taxas mais atrativas para atrair investidores. "É comum CDBs da Caixa pagando menos de 100% do CDI, ali próximo a 90% ou 85% do CDI, enquanto o Master oferece a 120% ou 140% do CDI", diz. No entanto, ele aponta que o risco de instituições menores é muito mais elevado, por problemas estruturais de captação. Tem CDB prefixado e pós? Qual a diferença?Rendimento depende do tipo de indexador e emissor. No caso da indexação, são três principais: CDB prefixado: a taxa é definida no momento da aplicação. CDB pós-fixado: é atrelado ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), taxa de juros de referência, usada para comparar e remunerar investimentos de renda fixa. CDB IPCA+: que combina uma taxa real com a variação da inflação. CDBs oferecem rendimento superior a títulos públicos. Segundo Laguna, da VNT Investimentos, isso é uma forma de compensar o risco de crédito. Na prática, enquanto um título do Tesouro Prefixado para 2028 pode pagar 10,5% ao ano, por exemplo, o CDB de um banco médio com o mesmo vencimento pode ter prêmio de 12% ao ano. "Para saber se este CDB está realmente oferecendo uma boa rentabilidade em relação ao risco, é interessante também que o investidor compare com o título público de mesmo prazo ou prazo semelhante", afirma ele. CDBs com prazo x CDBs com liquidez diáriaAmbos têm prazos de vencimento. Almeida, da Suno, explica que o CDB com prazo determinado (como um ou três anos, por exemplo) a pessoa investe o dinheiro hoje e só consegue sacar na data de vencimento. Se precisar do recurso para alguma emergência, normalmente não existe a opção de resgate ou há um deságio, um desconto sobre o valor do título. Por outro lado, o CDB com liquidez diária permite o resgate a qualquer momento, geralmente em um dia útil, sem sofrer desconto. CDBs com prazo pagam taxas mais altas. Como o dinheiro do investidor fica retido por determinado período, o analista da Suno diz que é comum ver instituições financeiras oferecendo títulos pós-fixados a 110% ou 120% do CDI. Por outro lado, como os CDBs com liquidez diária contam com a possibilidade de resgate imediato, os bancos pagam prêmios por volta de 90% ou 95% do CDI, por exemplo. Essa diferença também serve para outros ativos de renda fixa, como as LCIs (Letra de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio). Qual o nível de risco?Nível de risco ligado à solidez do banco emissor. Em outras palavras, isso se traduz na capacidade da empresa em honrar seus pagamentos, diz Largura. Embora exista a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) que cobre até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ por instituição em caso de falência, o ideal é que o investidor não aplique já contando com essa proteção, e sim priorize bancos com boa saúde financeira e bons indicadores de crédito. "Avaliar o risco do emissor, diversificar investimentos e respeitar os limites são práticas essenciais para manter o risco baixo", afirma. Principal problema é o risco de crédito. Almeida ressalta que os CDBs não têm o risco de mercado, com a oscilação de preços dos papéis, como ocorre no mercado de ações, e também o risco de liquidez, se o investimento for com liquidez diária. Quando a gente trata essencialmente de um CDB, qual é o principal risco aqui? É o risco de crédito, que está atrelado a quem está emitindo esse CDB. Ou seja, é o risco de que o banco não consiga te pagar de volta o principal, o que você investiu, os juros, ou os dois. Guilherme Almeida, head de renda fixa da Suno Research |