A renda fixa deve seguir entre as preferidas dos investidores por mais algum tempo, com oportunidades específicas na renda variável, depois que o Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou mais um aumento na taxa Selic, elevando a 15% ao ano. Com o novo acréscimo de 0,25 p.p., o novo patamar da Selic é o maior desde junho de 2006, quando chegou a 15,25%. A indicação, porém, é que o ciclo de alta dos juros está perto do fim e que o patamar deve se manter nas próximas reuniões. Veja abaixo quais são as melhores opções de investimento de acordo com os analistas consultados pelo UOL: Renda fixa Renda fixa segue muito atrativa. "É um excelente retorno com quase nada de risco", diz Cintia Senna, sócia-executiva da DSOP Educação Financeira. Títulos prefixados são os preferidos dos analistas ouvidos. A alta dos juros permite travar rendimentos altos por um longo prazo — quando, possivelmente, os juros estarão mais baixos. Títulos pós-fixados são boa opção com baixa volatilidade. A recomendação de Laís Costa, analista de renda fixa da Empiricus Research, é neutra, visto que o ganho não deve melhorar muito mais. Além dos prefixados, os títulos atrelados à inflação de longo prazo, como os Tesouros IPCA+ com vencimentos mais distantes, também são recomendados. É o que diz Laís Costa, analista de renda fixa da Empiricus Research, e Marcos Vinícius Oliveira, economista e analista sênior da ZIIN Investimentos. Eles destacam que esses papéis podem se beneficiar se o mercado entender que o BC está comprometido com o controle da inflação, o que abriria espaço para a queda dos juros reais no futuro. CDBs, LCIs, LCAs são ótimos para curto prazo. É o que diz Cintia, pois oferecem alto retorno com baixo risco. Há inda os fundos FIDC pulverizados, que investem em diversos créditos de pequenas e médias empresas e contam com isenção de come-cotas. São a recomendação de Angelo Belitardo, gestor da Hike Capital, como alternativa com boa relação risco-retorno no crédito privado, ainda mais com isenção de come-cotas. Renda variávelCom juros a 15%, o custo do dinheiro é alto e pressiona o lucro das empresas, e a renda fixa oferece mais retorno com menores riscos. Para Marcos Vinícius, da ZIIN, o impacto da decisão do Copom sobre a renda variável tende a ser limitado, já que o fim do ciclo de alta já estava precificado. Ele aponta que hoje o que mais tem direcionado o mercado acionário são incertezas fiscais, fluxo estrangeiro e expectativas políticas até 2026. O cenário não favorece ações em geral, mas há exceções estratégicas, segundo os analistas. Para quem tem um horizonte maior, acima de 10 anos, Cintia acredita que ainda pode haver boas oportunidades em ações, apesar da menor atratividade no curto prazo. "A renda variável tende a cair neste momento, mas para quem consegue esperar, pode ser uma oportunidade de entrada com preços mais baixos", afirma. Ações "defensivas e resilientes". Belitardo (Hike Capital) recomenda setores não cíclicos e com geração de caixa estável, como transmissão de energia, saneamento, bancos, educação e aluguel de veículos. Exportadoras e financeiras também são interessantes. "Em nova alta, ativos ligados ao ciclo doméstico tendem a se prejudicar. Em contrapartida, ações de instituições e exportadoras podem ser uma alternativa de exposição de mercados a moedas fortes", diz Enrico Cozzolino, sócio e head de análises da Levante Investimentos. Evite ações de empresas muito alavancadas, ou seja, com dívidas altas em relação ao faturamento, como de companhias no varejo. "Especialmente aquelas com dívida líquida sobre Ebitda acima de 3,5 vezes", diz Larissa Quaresma, analista de equity da Empiricus Research. Recado do BC importa maisO cenário econômico brasileiro "não muda drasticamente com nova alta". Isso porque o valor anterior, de 14,75%, já pressionava as despesas financeiras das empresas, diz Costa. "É justo afirmar que o adicional de 25 p.p. não deveria ser gatilho para mudanças significantes na carteira do investidor", completa. A ata do Copom, neste momento, importa mais do que simplesmente a decisão sobre a Selic. "Importa saber se ele vai fechar as portas para novas altas ou não porque o mercado vai projetar novas altas nos modelos financeiros das empresas nos próximos trimestres", diz Quaresma. Marcos também reforça que a comunicação do Copom é crucial. Se o mercado entender que o Banco Central está encerrando o ciclo de alta e comprometido com a meta de inflação, isso pode ajudar a fechar a curva de juros e beneficiar especialmente os títulos prefixados e atrelados à inflação. "O efeito mais relevante para os preços dos ativos virá da leitura sobre o compromisso com o controle inflacionário", diz. No comunicado desta quarta-feira (18), ao aumentar a Selic pela sétima vez consecutiva, o comitê sinalizou que deve manter o patamar de 15% ao ano nas próximas reuniões, de olho na meta da inflação. Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. Banco Central, em comunicado |