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 O dilema entre quantidade e qualidade é uma casca de banana. O senso comum sugere que quantidade e qualidade seriam inversamente proporcionais.
Supondo que isso seja um fato, a abundância seria indício de baixa qualidade e a escassez indicaria um predicado elevado.
Trombamos com esse dilema em diferentes situações e momentos da vida. Trata-se de uma pegadinha, porém.
Quando entendemos essa correlação como algo automático, somos induzidos a deixar de lado uma variável oculta — e fundamental — dessa equação: o equilíbrio. Significa buscar as máximas qualidade e quantidade possíveis. É um objetivo idealista, de fato, mas não irreal.
Nas últimas semanas, o Palácio do Planalto federal parece enredado nesse dilema.
Depois de apresentar um ajuste fiscal amplamente fundamentado na receita, o governo agora quebra a cabeça para fazer a conta fechar pelo lado da despesa.
No início da noite de ontem, depois de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que as discussões com os ministérios de Trabalho, Previdência, Desenvolvimento Social, Saúde e Educação estão concluídas.
Ainda segundo o ministro, não houve desidratação da proposta, mas aperfeiçoamento. A novidade é que um outro ministério foi chamado a participar do esforço fiscal. Segundo apuração do Estadão, seria o Ministério da Defesa.
Enquanto o pacote não vem, o impacto fiscal imediato é estimado entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões.
E aqui voltamos ao nosso dilema. Na avaliação do colunista Matheus Spiess, a qualidade do ajuste é mais importante do que o tamanho dos cortes.
Para ele, porém, a prorrogação do debate sobre o tema transformou o pacote em uma novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral nada benigno.
Para além do debate sobre quantidade e qualidade, os investidores aguardam a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e reagem à temporada de balanços.
Lá fora, em dia de agenda fraca, os investidores dão uma pausa no rali do Trump trade. Ainda assim, o bitcoin segue renovando máximas históricas. |
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| MAIS SOBRE O AUTOR
Ricardo Gozzi É jornalista e escritor. Passou quase 20 anos na editoria internacional da Agência Estado antes de se aventurar por outras paragens. Escreveu junto com Sócrates o livro 'Democracia Corintiana: a utopia em jogo'. Também é coautor da biografia de Kid Vinil.
COLABORAÇÃO
Dani Alvarenga e Renan Sousa
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