Depois do Pix, outro termo que ficará famoso é o Drex: esse é o nome dado pelo Banco Central ao 'real digital', que deve estrear no ano que vem. Desde o início, uma das maiores vantagens prometidas é o fim de golpes na transferência de automóveis. Como funciona?O Banco Central explica que Pix e Drex fazem parte do esforço de digitalização da economia brasileira. Enquanto o Pix vale para o dinheiro, o Drex também inclui ativos não-financeiros, como carros e imóveis. Assim, na hora de comprar um carro, o Pix será usado para que o comprador retire o dinheiro de sua conta. O Drex, enquanto isso, servirá para liberar o dinheiro ao vendedor quando a transferência do carro for realizada. Isso ocorre automaticamente, utilizando 'contratos inteligentes', que precisam de condições específicas para serem liquidados. Tudo é feito através de bancos e outros agentes autorizados pelo Banco Central, com promessa de integração equivalente à do Pix. "Uma coisa fica condicionada a outra: você só receberá o dinheiro da venda do veículo quando fizer a transferência de propriedade para o comprador", explica o manual do BC quanto ao Drex. Caso isso não ocorra, o pagamento é estornado. Para tanto, é necessário que haja compatibilidade com os sistemas do Detran de cada estado e dos bancos de dados do governo federal — um dos pontos que segue em desenvolvimento. Também se prevê o uso de blockchain, mas os testes mostraram grau de complexidade acima do esperado. Para que o Drex possa ser lançado já no ano que vem, entretanto, o BC decidiu deixar o blockchain para depois, em 2ª fase de implantação. Como a função dos contratos inteligentes não depende disso, é possível que ela já funcione abertamente em 2026. O que mais dá para fazer?Segundo o vice-presidente de Relações Institucionais da Veritran no Brasil — companhia especializada em soluções digitais para bancos —, o Drex irá além da transferência dos veículos. Na visão de Wagner Martin, as possibilidades da tecnologia também incluem: - Leasing de veículos com todas as operações disparando automaticamente por todo o período
- Seguros de veículos mais automatizados e com pagamentos mais personalizados
- Aluguel de veículos automatizado e com liquidações invisíveis
- Consórcios com automação das operações e inteligência de execução do crédito
Não obstante, o Drex ainda permitirá a liberação rápida do gravame da alienação do veículo. Dessa forma, fica mais rápido de retirá-lo da garantia do negócio e liberá-lo para eventual negociação. O Banco Central destaca que a tarefa dos cartórios pode ser realizada dentro da plataforma, de modo instantâneo. Assim, também será mais fácil obter empréstimos e financiamentos dando inclusive dando outras garantias, como aplicações no Tesouro Direito. Atualmente, dizem estudos da autarquia, é um trabalho demorado até que o banco analise a documentação e libere o operação. Na hora de pegar a garantia de quem deu calote, também é preciso recorrer à Justiça. "No Drex, estará tudo na mesma plataforma e no mesmo sistema. O contrato do empréstimo, com as condições e as garantias estarão lá. Isso aumenta muito a chance de se baratear o custo da operação", explicou Giselle Afonso, porta-voz do BC, em comunicado que detalha o 'real digital'. |