| Alexandre Versignassi | Ouça a versão em áudio: | | | Exclusivo: com falha em governança, securitizadora Virgo coloca fundo de reserva de CRIs em operação de risco | | O assunto começou a circular entre advogados e instituições financeiras há umas três semanas e deixou o mercado de crédito em alerta: a Virgo, segunda maior securitizadora do país, utilizou recursos de um fundo de reserva de CRIs numa operação de alto risco. | Para entender o caso, vamos a um pequeno glossário: securitizadora é uma empresa que transforma dívidas futuras em investimentos. Ela reúne valores que ainda vão ser pagos – como parcelas de imóveis ou aluguéis – e cria títulos que podem ser vendidos no mercado financeiro. No caso dos CRIs, esses valores vêm especificamente do setor imobiliário. Quando um CRI é emitido, uma parte do dinheiro vai para um fundo de reserva – um cofre de segurança que garante o pagamento aos investidores mesmo em caso de inadimplência. Esse dinheiro precisa estar sempre disponível e separado do caixa da securitizadora. Agora, o caso: na Virgo, um executivo usou dinheiro dos fundos de reserva para a emissão de um CRI da Oncoclínicas. Como a oferta não teve demanda, a securitizadora precisou ficar com os papéis. Nessa, parte da reserva acabou presa em um investimento de alto risco e baixa liquidez.
| Quando a manobra veio à tona, o executivo foi demitido. Fontes ouvidas pelo InvestNews dizem que parte do fundo de reserva continua em ativos seguros – e que os cotistas não foram prejudicados. | Leia mais nesta reportagem de Juliana Machado. |
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| Hoje vamos falar sobre: 📝 Renúncias no conselho do GPA 🇺🇸A corrida da Taurus para seguir relevante nos EUA 💵 Por que as tarifas não impulsionaram a inflação americana? 🌷 A primavera dos dividendos |
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| | HIGHLIGHTS | 📝 Renúncias no conselho do GPA | No domingo, o GPA informou a renúncia de dois membros do Conselho Fiscal: André Nassar (efetivo) e Diego Mendes (suplente). Segundo fontes do InvestNews, as cartas de renúncia alegavam divergências com a gestão atual. A saída acontece em meio ao avanço do grupo mineiro Coelho Diniz, que já controla 18% do GPA – quase empatado com os 22,5% do Casino, ex-controlador francês que tenta se desfazer da fatia. | 🍖 MBRF nos EUA | A fusão entre BRF e Marfrig ainda depende do aval do Cade. Mas o controlador Marcos Molina já fala no próximo passo: listar a nova companhia nos EUA — um "movimento natural", segundo ele. A meta é atrair mais investidores, repetindo a estratégia da rival JBS, que migrou para a NYSE neste ano. | 🏭 Nova usina de etanol de milho da Cargill | A Cargill Bioenergia vai erguer uma planta de etanol de milho em Cachoeira Dourada (GO), anexa à usina de cana que já opera ali. O modelo repete o de Quirinópolis (GO), onde a empresa já produz etanol a partir das duas matérias-primas. O investimento ocorre após a compra da SJC Bioenergia, em fevereiro – que deu à Cargill o controle das usinas em Quirinópolis e Cachoeira Dourada. | | UMA IMAGEM | | | | Na sexta, a montadora chinesa GWM inaugurou em Iracemápolis, interior de São Paulo, sua primeira fábrica nas Américas. O endereço é simbólico: ali funcionava uma planta da Mercedes-Benz, desativada em 2020. | Durante o evento de inauguração, o presidente Lula acenou à troca de protagonismo no setor: "enquanto a Mercedes-Benz, empresa alemã, vai embora, outra empresa chinesa [vem] para cá". Até julho, BYD, Chery e GWM emplacaram 111 mil veículos no Brasil – 26% a mais que um ano antes. Isso equivale a uma fatia de 10,5% do mercado brasileiro. Em 2025, chegam mais três marcas chinesas – SAIC, Leapmotor e Geely. Com elas, 16 montadoras do país asiático disputarão o mercado brasileiro até o fim do ano.
| Na foto: por dentro da fábrica em Iracemápolis (Divulgação). |
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| | O MELHOR DO INVESTNEWS | A estratégia da Taurus para driblar o tarifaço: estoque, lobby e montagem nos EUA | | Durante o Estado Novo, Getúlio Vargas procurava desenvolver a indústria e fortalecer a Defesa nacional. Foi daí que, em 1939, nasceu a Taurus – a maior fabricante de armas do Brasil. Mas, já faz um tempo, a empresa tem os dois pés nos EUA: em 1970, foi adquirida pela Smith & Wesson, gigante americana da indústria bélica. Alguns anos depois, foi recomprada por empresários brasileiros, mas manteve um mercado relevante por lá: hoje, 77% de sua receita vem dos EUA, contra só 11% do Brasil. | Isso, porém, não a poupou do tarifaço de 50% imposto por Trump ao Brasil. Agora, para adiar os efeitos da sobretaxa, a Taurus formou um estoque nos EUA suficiente para 90 dias. E, a partir de setembro, começará a montar por lá parte de sua principal linha, a família G. Salesio Nuhs, o CEO, acredita que essas medidas darão fôlego à companhia até o final do ano. Até lá, a Taurus aposta pesado em lobby. Ela contratou a Ballard Partners, escritório que atende outras empresas brasileiras, como a Embraer. Por meio dele, conseguiu uma agenda com a equipe do vice-presidente dos EUA, J.D. Vance. A esperança é de que Trump anuncie uma nova rodada de exceções às tarifas – desta vez, incluindo armas e munições.
| Leia mais nesta reportagem de Felipe Mendes. |
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| | | | | | Por que as tarifas de Trump não impulsionaram a inflação nos EUA? | | Em junho, o índice americano de inflação PCE subiu para 2,6% em 12 meses – acima dos números de maio e abril, e mais distante da meta perseguida pelo Fed, de 2%. Ainda assim, não dá para dizer que os preços nos EUA dispararam depois do tarifaço. Por que? | Entre economistas e analistas, essa tese tem ganhado força: na prática, os importadores estão pagando tarifas menores do que as anunciadas pela Casa Branca. Um estudo do Barclays mostrou que, em maio, a alíquota média ponderada – calculada conforme o peso de cada país nas importações – ficou em 9%, abaixo dos 12% estimados anteriormente. Acontece que, até aqui, mais da metade das importações americanas ficaram isentas. Em junho, só 48% delas foram realmente taxadas, graças a uma miríade de exceções embutidas nos decretos – só no caso do Brasil, quase 700 produtos ficaram de fora da tarifa de 50%.
| Mas não dá para cravar que esse efeito será definitivo. Trump já fala em novas tarifas de 250% para remédios e 100% para semicondutores, por exemplo. E a Casa Branca vai suspender a regra de minimis, que isenta qualquer pacote de até US$ 800. Por isso, a Barclays projeta que a tarifa média ponderada deve subir para 15% nos próximos meses. E, possivelmente, pese mais sobre a inflação. | Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português. |
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| | UM NÚMERO | R$ 176 bilhões | | foi quanto as empresas brasileiras distribuíram em proventos no 1º semestre de 2025 – o maior valor desde 2020. | No período, várias empresas revisaram suas políticas de dividendos e decidiram aumentar a repartição de lucros. O caso mais emblemático é o da Eletrobras, que em agosto anunciou a maior distribuição de sua história: R$ 4 bilhões, 56% a mais que o valor pago em 2024. Além dela, companhias como JBS, Ambev, Cogna estão mais generosas este ano. Mesmo a Embraer, que não distribuía lucros desde 2018, retomou a remuneração: pagou R$ 51 milhões em maio, e sinalizou que vai manter a política daqui para frente.
| | VALE PARAR PARA LER | 💊 O boom dos genéricos Nos próximos cinco anos, expiram as patentes de mais de mil medicamentos no Brasil. A abertura deve elevar em 20% a oferta de genéricos por aqui. De olho nisso, farmacêuticas brasileiras têm pesado a mão em novos investimentos: a Aché prevê R$ 500 milhões até 2027 na expansão de fábricas em Pernambuco, Goiás e São Paulo. Já a Cimed destinou R$ 200 milhões só neste ano para a divisão de genéricos. |
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| É isso. Boa semana! | | Curadoria e textos: Camila Barros Edição: Alexandre Versignassi Design: João Brito | | Recebeu a newsletter de alguém? | |
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