Tem também uma camada mais profunda. Muitos deles atravessaram momentos decisivos da adolescência — e da vida — em meio à pandemia. Isolamento, telas, ausência de treino social presencial. Uma parte importante do desenvolvimento interpessoal aconteceu atrás de câmeras e aplicativos. E isso pode ter deixado marcas. Alguns estudos já mostram queda nas habilidades socioemocionais e na expressão verbal de jovens que viveram esse período em formação. Mais ansiedade, mais insegurança nas trocas presenciais. E, muitas vezes, a ausência de resposta não é um descaso. É só que eles ainda não sabem exatamente como responder. O tal olhar congelado pode ser um sinal disso tudo. De uma geração que está aprendendo a reagir num ambiente para o qual não teve muito tempo de treino. Um silêncio que, se lido com calma, pode dizer muita coisa. E a gente, vai se adaptar? A pergunta que fica é: a gente vai seguir exigindo que todos se comportem de um jeito que já conhecemos — ou vamos nos abrir pra aprender uma nova linguagem de conexão? Não é sobre passar pano, nem sobre relativizar tudo. É sobre empatia prática. Entender que quem cresceu num mundo de comunicação instantânea pode, ironicamente, ter mais dificuldade no improviso da conversa real. O Gen Z stare talvez seja só um olhar. Mas ele tem um monte de coisa ali dentro. A gente só precisa aprender a olhar de volta — com menos filtro e mais abertura. Até a próxima, Thiago Veras |