A menos de duas semanas do possível início do tarifaço do governo Trump sobre os produtos brasileiros, não há sinais de que vá arrefecer a tensão diplomática entre Brasil e EUA, tendo como pivô político declarado o status judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado. Eduardo Bolsonaro, deputado federal que trocou suas funções legislativas para ir aos EUA, filho do ex-presidente, disse ontem que não vai renunciar ao seu mandato e vai continuar "articulando" para aumentar a pressão trumpista pela liberdade do pai -que nega ter tentado um golpe. A colunista Letícia Casado informa que Eduardo, junto com o bolsonarista Paulo Figueiredo, costura nos EUA sanções financeiras contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do processo contra Jair. O objetivo deles é enquadrar Moraes na Lei Magnitsky, que permite que o governo americano adote sanções migratórias, financeiras e comerciais contra autoridades que cometam violações de direitos humanos ou envolvidas em casos graves de corrupção. Ainda sobre Eduardo, o colunista Josias de Souza critica o que chama de "estratégia suicida" do deputado, que tem criticado pesadamente Moraes e a Polícia Federal. Segundo Josias, o parlamentar poderia lembrar que "se você está em um buraco, o melhor é parar de cavar" —a não ser que ele queira pedir asilo nos EUA e ficar por lá definitivamente. Provas e prisão preventiva E Josias relata ainda que a apreensão de equipamentos na casa de Bolsonaro, após ação da PF na semana passada, gera temor em aliados que acreditam que o ex-presidente, mais uma vez, pode ter produzido provas contra si próprio. Mas, ressalva Josias, ministros do Supremo tendem a descartar incluir novos elementos probatórios no processo porque isso poderia atrasar o julgamento, marcado para setembro. Finalmente, o jurista Wálter Maierovitch afirma que Moraes acertou ao proibir divulgações de entrevistas de Bolsonaro em redes sociais. A proibição foi feita com base em medidas cautelares que haviam sido impostas anteriormente no inquérito. Explicando a natureza das cautelares, Maierovitch afirma que, durante o processo, elas podem ser substituídas caso não estejam surtindo efeito —portanto, Bolsonaro pode estar a um passo da prisão preventiva. Letícia Casado: Sanção contra Moraes orquestrada por Eduardo Bolsonaro nos EUA tem 3 bases Josias de Souza: Em estratégia suicida, Eduardo Bolsonaro cutuca PF e se complica Josias de Souza: Aliados temem inspeção da PF em equipamentos de Bolsonaro Camila Rocha: Eduardo Bolsonaro sepulta carreira política no Brasil Reinaldo Azevedo: Medida cautelar contra Bolsonaro e o voto de Fux. Basta saber ler Reinaldo Azevedo: Eduardo não renunciará. Questão: como seria entrevistar Marcola? Jamil Chade: Rede de Trump usada em ofensiva ao Brasil acumula US$ 2 bilhões em bitcoin Jamil Chade: Em seis meses, Trump abalou a democracia e desfez 'mito' americano Wálter Maierovitch: Moraes acerta, e Bolsonaro está a um passo da prisão preventiva |