Os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, divulgaram ontem uma nota conjunta, quase 24 horas depois do anúncio de Donald Trump taxar em 50% os produtos brasileiros. Os líderes do Legislativo defenderam o diálogo, afirmaram que "a decisão dos Estados Unidos de impor novas taxações sobre setores estratégicos da economia brasileira deve ser respondida com diálogo nos campos diplomático e comercial". Mas também sustentam que o Congresso Nacional vai estar mobilizado para proteger empregos e a economia do país: "Estaremos prontos para agir com equilíbrio e firmeza em defesa da nossa economia, do nosso setor produtivo e da proteção dos empregos dos brasileiros", diz o texto. Apesar de não citar nem o STF, nem Jair Bolsonaro, o comunicado acabou se alinhando ao discurso adotado pelo presidente Lula. Além da soberania, Motta e Alcolumbre destacaram os instrumentos que o Brasil tem para responder aos EUA. Leia mais. Lula diz que criará comitê de emergência com empresários para rebater Trump. Em entrevista ao Jornal da Record, gravada no Palácio da Alvorada na tarde de ontem, o presidente disse que vai reunir empresários para acompahar dia dia e repensar a política comercial com os Estados Unidos após o anúncio de que o governo americano vai sobretaxar produtos brasileiros. Na entrevista, Lula voltou a afirmar que irá tomar medidas com base na Lei da Reciprocidade. O presidente já havia indicado ontem que recorreria à medida. O UOL apurou, no entanto, que isso só deverá ocorrer a partir de 1º de agosto, se as promessas de fato forem cumpridas. Lula mencionou também outras alternativas: "A gente pode recorrer à OMC, a gente pode mandar investigação com outros países, cobrando dos Estados Unidos coerência, mas o que mais vai valer é o seguinte: nós temos a Lei da Reciprocidade, que foi aprovada no Congresso Nacional", afirmou. Leia mais. Bolsonaro pede urgência para que Poderes atendam exigências de Trump. O ex-presidente se manifestou ontem sobre a taxação anunciada por Donald Trump e disse que a medida "é resultado direto do afastamento do Brasil dos seus compromissos históricos com a liberdade, o Estado de Direito e os valores que sempre sustentaram nossa relação com o mundo livre". Em mensagem publicada em suas redes sociais, Bolsonaro disse ainda que o país "caminha rapidamente para o isolamento e a vergonha internacional" e pediu que os Poderes apresentem "com urgência" medidas para resgatar o que ele chamou de normalidade institucional do país. Bolsonaro se manifestou após aliados políticos admitirem que a taxação trará um desgaste para ele e para o seu grupo político. Lira amplia faixa de desconto no Imposto de Renda e mantém taxa a super-ricos. Em parecer apresentado ontem, o deputado Arthur Lira, que é relator do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, manteve a alíquota de 10% para quem recebe acima de R$ 1,2 milhão por ano, conforme proposto pelo governo federal, mas ampliou a faixa de renda da classe média contemplada por uma redução da alíquota. O projeto original previa uma alíquota reduzida para rendimentos mensais entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Lira ampliou o valor para R$ 7.350 e afirmou que a medida vai beneficiar cerca de 500 mil pessoas. Depois da leitura do texto, deputados pediram vista com prazo de duas sessões do plenário. O projeto só deverá voltar a ser analisado na próxima quarta-feira. Entenda as mudanças. Ana Maria Gonçalves se torna primeira mulher negra eleita para ABL. A Academia Brasileira de Letras elegeu ontem a primeira mulher negra para se sentar em uma de suas 40 cadeiras, após 128 anos de história. Ana Maria Gonçalves, autora do romance "Um Defeito de Cor", foi eleita para a vaga antes ocupada pelo linguista Evanildo Bechara. Ela recebeu 30 votos contra um da escritora indígena Eliane Potiguara. Havia outros 11 concorrentes. A obra da autora é considerada um ponto de virada na literatura negra brasileira. "Um Defeito de Cor", publicado em 2006, tem como tema a diáspora africana e os efeitos da escravidão na construção da identidade do Brasil. Saiba mais sobre ela. Governo zera IPI de carros menos poluentes até o fim de 2026. O governo federal anunciou ontem o novo programa Carro Sustentável, que prevê isenção total de Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) a partir de hoje para veículos mais acessíveis e com menor impacto ambiental. De acordo com o governo, terão direito à isenção total do imposto os veículos que atendam aos seguintes critérios: conter mais de 80% de materiais recicláveis; emitir menos de 83g de CO2 por km rodado; ser produzido no Brasil (com etapas como soldagem, pintura, fabricação do motor e montagem no país); estar enquadrado em uma das categorias de carro compacto. Na prática, isso representa uma economia de 5,27% a 7% no valor final do carro, alíquota atual do IPI para modelos 1.0. Saiba mais. |