O Secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Philip Fox-Drummond Gough, criticou ontem na Organização Mundial do Comércio as tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil, e disse que está em curso um "ataque sem precedentes" ao sistema multilateral de comércio. O embaixador declarou que as tarifas estão sendo usadas para interferência em assuntos internos de nações, em uma alusão ao fato de que o presidente dos EUA vinculou sobretaxas de 50% sobre produtos brasileiros à situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele disse ainda que o Brasil continuará a priorizar negociações e boas relações diplomáticas e comerciais, mas que recorrerá a meios legais na OMC se necessário. A declaração foi apoiada por 40 países — todos os 27 da União Europeia, e mais 13 nações. Trump estabelece piso de 15% para tarifas e diz 50% é para países com quem os EUA 'não têm se dado bem'. O presidente dos Estados Unidos falou ontem sobre as tarifas impostas aos seus parceiros comerciais e disse que elas não ficarão abaixo de 15% antes do prazo de 1º de agosto. "Teremos uma tarifa direta e simples de algo entre 15% e 50%", disse Trump em uma cúpula de inteligência artificial em Washington. "Alguns temos 50% porque não temos nos dado muito bem com esses países". O Brasil foi o único a receber a tarifa de 50% no tarifaço mais recente do presidente americano, que atribuiu a cobrança ao que chamou de "caça às bruxas" promovida pelo STF a Jair Bolsonaro. O governo americano tem fechado acordos nas últimas semanas, anunciou entendimento com o Japão e com a União Europeia. Com o Brasil, no entanto, os canais de negociação formais seguem fechados. EUA mantêm silêncio, e governo teme tarifas já em agosto. Os canais de negociação formais entre o governo brasileiro e o americano seguem fechados a nove dias do prazo estipulado por Donald Trump para passar a cobrar tarifas. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, americanos sinalizaram ao governo que as tratativas só devem caminhar a partir de uma autorização de Trump. Integrantes do Palácio do Planalto dizem ter a informação de que o caso está na Casa Branca e sem previsão de uma resposta às iniciativas do Brasil. Autoridades brasileiras estão tentando estabelecer contatos extraoficiais com a equipe dos seus correspondentes nos Estados Unidos e, paralelamente, o vice-presidente Geraldo Alckmin tenta sensibilizar o empresariado diretamente atingido pelas medidas para que auxiliem na procura por uma solução. Saiba o que mais está ocorrendo nos bastidores. Ministros do STF defendem cautela em meio a crise das tarifas. Políticos e empresários sinalizaram ao Supremo que os impactos de uma eventual prisão preventiva de Jair Bolsonaro seriam negativos para o esforço diplomático de derrubar o tarifaço dos EUA. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, ministros do Supremo Tribunal Federal têm defendido cautela na avaliação da possibilidade de prisão por descumprimento de medidas cautelares, apesar de rechaçarem que a liberdade de Bolsonaro signifique uma interferência do governo Donald Trump sobre a corte. Magistrados ouvidos pela Folha dizem que as decisões de Moraes têm sido respaldada pela Corte, mas a decisão que impediu o ex-presidente de dar entrevistas pode ter tensionado o clima além do necessário e teve uma repercussão negativa da opinião pública. Leia mais. Governo começa a ressarcir hoje vítimas de fraude do INSS. Aposentados e pensionistas que tiveram descontos indevidos em seus benefícios e fizeram a solicitação de reembolso começam a receber os valores hoje, no primeiro lote de pagamento que deve beneficiar 400 mil pessoas. O dinheiro será devolvido em uma parcela única e corrigido pela inflação, e será pago por ordem de solicitação. Até a última segunda-feira, mais de 714 mil pessoas já haviam aderido ao acordo com o INSS, o que representa 36% do total de beneficiários aptos a assinar o termo de adesão para receber o valor descontado. A adesão pode ser feita até o dia 14 de novembro, de forma gratuita e sem envio de documentos extras, tanto pelo aplicativo Meu INSS quanto em agências dos Correios em todo o país. Brasil anuncia entrada formal em ação movida na ONU contra Israel. O Itamaraty voltou a acusar Israel de cometer genocídio por "violações sistemáticas de direitos humanos" na Palestina e cobrou ação da comunidade internacional. O Ministério das Relações Exteriores anunciou a entrada formal do Brasil na ação que a África do Sul move contra Israel na Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, acusando o governo de Netanyahu de cometer genocídio em Gaza. O comunicado diz que "o Brasil considera que já não há espaço para ambiguidade moral nem omissão política", e que "a impunidade mina a legalidade internacional e compromete a credibilidade do sistema multilateral". Dez pessoas morreram de fome nas últimas 24 horas na Faixa de Gaza, elevando o número de vítimas fatais da inanição nos últimos dias para 111. Oitenta delas são crianças, segundo o Ministério da Saúde do território palestino. Saiba mais. |