Donald Trump se reuniu hoje brevemente com o presidente sírio e ex-integrante da Al Qaeda, Ahmad al Sharaa, em Riad. Durante a conversa, Trump pediu a normalização das relações da Síria com Israel. Segundo o presidente americano, o encontro foi "ótimo". Ele é "um cara jovem e atraente. Cara durão. Com um passado muito forte. Um lutador", disse. O evento, que não estava planejado, ocorreu um dia após o presidente americano surpreender o mundo ao anunciar o fim de todas as sanções contra a Síria. "Vou ordenar o fim das sanções contra a Síria para dar a eles uma chance de grandeza", disse Trump. Segundo a agência de notícias Reuters, a medida foi tomada a pedido do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman. As sanções americanas foram impostas durante o governo do presidente Bashar al Assad, derrubado em dezembro do ano passado. Sharaa foi o líder da Al Qaeda na guerra civil síria, até romper com o grupo fundado por Osama bin Laden em 2016, e esteve à frente do Hayat Tahrir al-Sham na insurgência que tirou Al Assad do poder. Apesar de ainda ser classificado pelos EUA como "terrorista", Sharaa quer o apoio americano na reconstrução do país - destruído após 13 anos de guerra. Ainda ontem, Trump também anunciou um acordo para a venda de US$ 142 bilhões em armas para a Arábia Saudita. Trump e o presente de US$ 400 milhõesApós a passagem pela Arábia Saudita, Donald Trump chegou hoje ao Catar, em meio à polêmica sobre a doação de um Boeing 747 avaliado em US$ 400 milhões pela família real do país ao presidente americano. Trump já disse que vai aceitar o presente, que seria usado em substituição ao avião presidencial Air Force One até o fim de seu mandato e depois transferido à fundação Trump Library. O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, disse ontem que "isso não é apenas corrupção escancarada. É uma grave ameaça à segurança nacional". Vários republicanos também levantaram objeções éticas e de segurança. "Eu tenho preocupações sempre que se aceita um presente de um país estrangeiro — mesmo daqueles que consideramos os aliados mais próximos —, independentemente de o avião ter ou não algum dispositivo de escuta", disse o senador republicano Todd Young. Trump disse que o presente pouparia milhões de dólares dos contribuintes que seriam gastos com a reforma do Air Force One. "Só um tolo não aceitaria esse presente para o nosso país", afirmou em um post na sua rede Truth Social. Pepe Mujica morre aos 89 anosO ex-presidente uruguaio (2010-2015) José Pepe Mujica morreu ontem aos 89 anos. Ele sofria de um câncer de esôfago e estava em casa, em uma chácara em Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu, onde recebia cuidados paliativos. A morte de Mujica foi anunciada pelo presidente Yamandú Orsi, seu discípulo político, nas redes sociais: "Sentiremos muita falta de você". Na década de 60, Mujica fez parte do grupo armado de esquerda Movimento de Libertação Nacional - Tupamaros. Foi preso várias vezes, a última delas entre 1972 e 1985 - período em que foi torturado e confinado em isolamento, durante a ditadura militar uruguaia. Foi libertado graças à lei de anistia. Em 1994, foi eleito deputado federal e, em 1999, senador pela primeira vez. Foi ministro da Agricultura durante o governo de Tabaré Vázquez até 2008. Em seu mandato presidencial, o Uruguai descriminalizou o aborto, autorizou a produção, a venda e o consumo de maconha e instituiu o "matrimônio igualitário", que permite o casamento legal entre pessoas LGBT. Em 2019, Mujica renunciou ao mandato de senador por motivos de saúde e, em seguida, abandonou a política. O adeus ao 'presidente mais pobre do mundo' Líderes de esquerda de vários países manifestaram pesar pela morte de Pepe Mujica. "Sua grandeza humana ultrapassou as fronteiras do Uruguai e de seu mandato presidencial. A sabedoria de suas palavras formou um verdadeiro canto de unidade e fraternidade para a América Latina", disse em comunicado o presidente Lula. O presidente chileno, Gabriel Boric, escreveu: "Caro Pepe, imagino que você esteja saindo preocupado com o sabor amargo que temos no mundo hoje. Mas, se você nos deixou algo, foi a esperança insaciável de que é possível fazer melhor." Para a presidente do México, Claudia Sheinbaum, Mujica foi "exemplo para a América Latina e o mundo inteiro" por sua sabedoria e simplicidade. Pepe Mujica recebeu o apelido de "o presidente mais pobre do mundo". Durante seu mandato, ele doou 90% do salário para a caridade, continuou morando em sua chácara na periferia de Montevidéu e se deslocava dirigindo um fusca azul 1987. Arce desiste de disputar reeleição na BolíviaO presidente da Bolívia, Luis Arce, anunciou ontem sua desistência de disputar a eleição presidencial marcada para agosto. "Anuncio hoje ao povo boliviano, com absoluta firmeza, minha decisão de declinar minha candidatura à reeleição presidencial", disse Arce, em mensagem exibida pela emissora oficial Bolívia TV. A declaração foi feita após a divulgação de uma pesquisa que mostra Arce com apenas 1% das intenções de voto. A impopularidade do presidente se deve sobretudo à crise econômica pela qual passa o país, provocada, em grande parte, pela queda no mercado internacional do preço do gás natural - principal fonte de renda do país. A candidatura de Arce havia sido lançada há apenas cinco semanas. O presidente também conclamou Evo Morales a desistir. "Faço um desafio ao ex-presidente Evo Morales para não insistir em ser candidato à presidência." Morales, de quem Arce foi ministro e aliado antes de romperem, está proibido pela Justiça de concorrer a um terceiro mandato, mas tenta usar a pressão popular para reverter a decisão. Israel mata 22 crianças e 15 mulheres em GazaIsrael matou mais 48 palestinos em uma série de ataques a um campo de refugiados em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, nesta madrugada. Várias casas também foram destruídas na ação. Segundo o Hospital Indonésio, há 22 crianças e 15 mulheres entre os mortos. O Exército israelense disse que havia alertado os residentes para deixar o local após o lançamento de foguetes contra Israel e afirmou que está investigando os relatos. Anteontem, um outro ataque, a um hospital no sul da Faixa de Gaza, deixou 28 mortos. De acordo com a imprensa israelense, o alvo do bombardeio era Mohammed Sinwar, irmão de Yahya - assassinado no ano passado e acusado por Israel de ter sido o mentor da ação do Hamas que deixou cerca de 1,2 mil mortos e fez 251 reféns em Israel em outubro de 2023. Desde então, a ofensiva israelense que se seguiu ao ataque do grupo palestino já deixou cerca de 53 mil mortos, mais de 2% da população da Faixa de Gaza. |