Na apertadíssima eleição presidencial dos Estados Unidos, Kamala Harris e Donald Trump estavam praticamente empatados nas pesquisas até terça (5), dia oficial do pleito. Com a vitória do republicano, muito está em jogo para as mulheres.
Fale comigo em barbara.blum@grupofolha.com.br
Bárbara Blum
Escreve sobre gênero no Todas e apresenta o podcast Modo de Viver. Foi editora-assistente da Ilustrada
O que mais uma eleição de Donald Trump reserva às mulheres
A noite de terça-feira (5) foi agitada nos Estados Unidos. Depois de semanas com pesquisas eleitorais que indicavam um empate entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump, o ex-presidente saiu com a melhor. Na madrugada de quarta (6), ele já tinha sido matematicamente eleito, embora a contagem dos votos ainda esteja acontecendo em alguns estados.
Questões de gênero —do aborto e os direitos reprodutivos à transição— deram o tom de uma porção importante do pleito. Harris se calcou na defesa do direito ao aborto e da retomada das normas da decisão judicial Roe v. Wade, que garantiam o procedimento no país todo até 2022, enquanto Trump defendeu que os estados decidissem por si, como fazem hoje. A vitória do republicano é uma derrota para o direito ao aborto, avalia a repórter Angela Boldrini.
Consequências nefastas dessa política já dão as caras. Na Georgia, um dos estados-pêndulo que varia entre votar mais à direita ou mais à esquerda, duas mulheres já tiveram suas mortes associadas à falta de acesso ao aborto e dificuldades no atendimento médico decorrentes da legislação mais dura sobre o tema.
Não são tantos os americanos que acham que o aborto deveria ser totalmente criminalizado. Como mostra a repórter especial Patricia Campos Mello em sua análise da vitória de Trump, pouco mais de 10% acham que o aborto deveria ser ilegal em qualquer circunstância, segundo o instituto Gallup. A vitória de Trump, porém, mostra que o assunto não foi suficiente para mobilizar o eleitorado em favor de Harris.
Numa pegada mais leve, um dos meus filmes favoritos fez aniversário. "Sabrina", dirigido por Billy Wilder e com Audrey Hepburn no papel principal, colocou nas telas já em 1954 alguns dos elementos que marcariam as comédias românticas pelos 70 anos seguintes: um makeover visual na protagonista, um triângulo amoroso e looks memoráveis. É uma bela distração das eleições americanas que inundaram os noticiários.