O número de prefeitas eleitas neste primeiro turno das eleições 2024 cresceu 9%. Além disso, 13 cidades, das quais 7 são capitais, vão ter mulheres disputando o pleito no segundo turno. Mas uma política mais feminina não significa uma política mais à esquerda ou mais feminista: 4 em cada 5 eleitas são de centro ou de direita.
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Bárbara Blum
Escreve sobre gênero no Todas e apresenta o podcast Modo de Viver. Foi editora-assistente da Ilustrada
Uma política mais feminina ou mais feminista?
Uma das mensagens que o primeiro turno das eleições 2024 deixou é que ter mais mulheres na política não significa que ela será mais feminista.
Mas o aumento de mulheres não significa o triunfo de pautas feministas. A maioria das candidatas a prefeituras está em partidos de direita e do centro, segundo o GPS Ideológico da Folha. Algumas são vozes da ultradireita, como Cristina Graeml (PMB), que concorre no segundo turno de Curitiba (PR).
"A temática LGBT, essa construção mental que fazem na cabeça das nossas crianças, dizendo que menino não é menino e que menina não é menina, em vez de ensinar o conteúdo programático previsto na base nacional comum curricular, vai acabar. A gente vai tirar isso da sala de aula", disse a candidata durante debate na RPC-TV na última quinta-feira (3). Ela faz parte do que o repórter especial Fabio Victor chamou de "Bolsonaristas 5G" , os representantes ultraconectados da ala radical do espectro político.
Entre eles estão também os vereadores mais votados de São Paulo e de Belo Horizonte (MG), Lucas Pavanato (PL) e Pablo Almeida (PL), respectivamente. O primeiro é herdeiro político de Fernando Holiday, de quem foi assessor, e o segundo é apadrinhado do deputado federal Nikolas Ferreira (PL).
Além de empilharem seguidores no TikTok e no Instagram, eles se elegeram com plataformas contrárias ao que se chama de "ideologia de gênero". Pavanato se considera um candidato "anti-woke" e se diz contra pessoas trans usarem banheiros que sejam de acordo com suas identidades de gênero. Almeida havia compartilhado a imagem de uma gestante com a inscrição: "Não é seu corpo. Não é a sua escolha."
As mulheres eleitas para a Câmara em São Paulo passaram de 13 para 20 cadeiras (36%), mais do que triplicando sua representação na Casa em relação a 12 anos atrás, mas ainda longe da sua proporção na cidade, de 53%. O partido com mais mulheres é o PSOL, de esquerda, com quatro. Agora, o PL de Pavanato, Almeida e Bolsonaro está empatado em número de eleitas.
Cristina Graeml, candidata à Prefeitura em Curitiba (PR)
A única travesti eleita para a Câmara de São Paulo disse no domingo (6) que vai bater de frente com Lucas Pavanato (PL). Se Pavanato ocupa o lugar de herdeiro de Fernando Holiday, Amanda Paschoal (PSOL) é herdeira de Erika Hilton (PSOL), hoje deputada federal. Ela foi a quinta candidata mais bem votada do pleito, com mais de 108 mil votos.