A taxa de fecundidade das brasileiras está caindo e mulheres têm, em média, 1,58 filho cada uma. Algumas, porém, têm muito mais do que isso —como 12. O comportamento tem bases religiosas e se apoia em doutrinas que recusam a contracepção artificial.
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Bárbara Blum
Escreve sobre gênero no Todas e apresenta o podcast Modo de Viver. Foi editora-assistente da Ilustrada
Na contramão das baixas taxas de fertilidade, algumas mulheres decidem ter muitos filhos
Foi em 1968, pouco depois da invenção da pílula anticoncepcional, que o então papa João 6º promulgou a encíclica Humanae Vitae, na qual resumiu as ideias por trás desse posicionamento contrário à contracepção chamada de artificial. Isso significa: pílula, camisinha, DIU e por aí vai. Só valia um complexo método de medição da fertilidade por meio da viscosidade da mucosa vaginal.
O episódio da semana do podcast Modo de Viver, série da Folha sobre saúde e bem-estar, fala sobre contracepção e como escolher o melhor método para você. Inclusive, dá uma pinceladinha na história da pílula e nessa encíclica da Igreja.
Mais de 50 anos depois da Humanae Vitae, no começo deste último mês de setembro, o papa Francisco chegou a elogiar as mulheres que têm muitos filhos e alfinetar as pessoas que preferem cuidar de cachorros e gatos a procriar. Lembra o discurso contra as tias dos gatos de J.D. Vance, candidato a vice na chapa de Trump e figurinha carimbada nessa newsletter.
Muita coisa explica o afastamento das mulheres dessas famílias de múltiplos filhos. A entrada no mercado de trabalho é um desses fatores, assim como a sobrecarga de tarefas domésticas.
Mariana e Carlos Arasaki, 39, com os 12 filhos - Karime Xavier/Folhapress
Nesta semana de eleições municipais, fiz um levantamento de como os principais candidatos nas capitais discutem o aborto legal em seus planos de governo. A questão é que, dos 66 programas analisados em 22 cidades contempladas por pesquisas de intenção de voto Datafolha ou Quaest, só três citam o aborto legal. Desses três, dois citam planos de ampliar o acesso e um fala em "incentivar política de doação de bebês em interesse de aborto".
Outro assunto que ganha cada vez mais espaço são as bets. Um depoimento colhido pelo repórter Pedro S. Teixeira traz a história de uma mulher de 34 anos que gastou toda a herança da mãe, de R$ 300 mil, em apostas.
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Essa edição falou um pouco sobre religião, assunto que pipoca bastante quando falamos de direitos das mulheres. Aproveito que a Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, está chegando para recomendar o livro "O Púlpito", da repórter especial Anna Virginia Balloussier. Ela passa longe da ideia (preconceituosa) de que todo evangélico é careta.