O que tem sido positivo no que é atribuído à Geração Z? - Saúde mental e equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Enxergo com bons olhos o movimento liderado por essa geração. Se antes o burnout era normalizado nas empresas, hoje ele é um dos grandes desafios a ser combatido pelos RHs. Não consigo ver um lado negativo nisso. Um sistema nervoso equilibrado deveria ser uma prioridade para as organizações. Pessoas com saúde mental em dia são mais produtivas. No entanto, precisamos ter cuidado para não banalizar o uso de termos médicos e psicológicos, como burnout, e transformar qualquer problema em uma questão de saúde mental. - Carreiras não-lineares e múltiplos empregos
Outro movimento puxado pelos Zoomers é a ideia de que uma carreira não precisa seguir o caminho tradicional de crescimento vertical, onde o topo seria um cargo de liderança. Eles também impulsionaram demandas por formatos de trabalho mais flexíveis e por múltiplos empregos. Para mim, isso é libertador. Quantas pessoas não se viam nos modelos rígidos de carreira, mas precisavam se adequar a esses ideais? Novos formatos de carreira e vínculos aumentam o engajamento e a retenção, não só entre os jovens, mas também entre outros grupos que buscam mais flexibilidade e alternativas de trabalho. E o lado negativo? Com fácil acesso à tecnologia e às redes sociais, tudo é midiático. As redes sociais transformaram o comportamento da sociedade, com os jovens liderando essa mudança. A "grande resignação" de 2021, marcada por altas demissões voluntárias, teve a Geração Z como protagonista, com centenas de vídeos no TikTok mostrando ou relatando suas saídas das empresas. O impacto disso é claro: a percepção de que essa geração tem dificuldade em lidar com conversas difíceis e em definir o que deve ser tratado de forma privada. A consequência dessa postura de expor tudo nas redes sociais é o reforço de estigmas dos Zoomers, além do custo reputacional individual. - Origem da falta de motivação e iniciativa
Uma possível explicação para essa falta de iniciativa é que essa geração foi moldada por algoritmos. Eles cresceram em plataformas digitais que sugerem tudo: se compram A, o sistema recomenda B; se assistem a I, a próxima série indicada é II, e assim por diante. Agora, imagine-se sem um "co-piloto" para indicar o próximo passo? Talvez estejamos vivendo a era dos atalhos, do mínimo esforço. Quando esses jovens se deparam com a vida real – sem algoritmos para sugerir o próximo movimento durante uma reunião com o chefe ou como lidar com um conflito no ambiente de trabalho – eles parecem "travar." Qual o grande desafio para a Geração Z? Para mim, como um típico millennial, o grande desafio foi ressignificar o trabalho como uma parte importante da vida, mas não a única. Já os Zoomers, em minha opinião, enfrentarão o dilema de se descobrirem além da tecnologia. Se a pergunta que define minha geração é: "quem sou eu sem minha profissão?", arrisco dizer que, para a Geração Z, será: "quem sou eu sem a tecnologia?" Ao analisar as razões pelas quais tantos Gen Z estão sendo demitidos, um possível motivo seria o "lado sombra" criado pelo uso excessivo de tecnologia, que pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais — essenciais no ambiente profissional. Os principais fatores apontados na pesquisa ilustram bem essa questão. E, como a tecnologia atravessa todas as gerações, deixo a mesma pergunta para você, leitor: quem é você sem a tecnologia? Até a próxima, Thiago Veras PS. As teses do texto foram construídas com a ajuda e validação de dois Gen Z da Empiricus: Thais Pinheiro e Amaury Fonseca |