O Ibovespa concluiu a semana mais curta por conta do feriado do Dia do Trabalho com ganhos de 1,6% em reais e 2,5% em dólares, fechando aos 128.509 pontos, registrando a segunda semana consecutiva em território positivo.
Globalmente, o principal destaque da semana foi a decisão do Federal Reserve de manter a taxa de juros em 5,25-5,5%, sinalizando uma cautela em relação a corte de juros. Porém, Powell indicou que subidas de juros são improváveis. A decisão levou a um movimento de apetite de risco nos mercados, com juros caindo e ações globais subindo. Este sentimento positivo foi impulsionado pela divulgação de dados de emprego abaixo do esperado na sexta-feira.
O maior destaque positivo na semana no Brasil foi o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3, +22,8%), após anunciar que chegou a um acordo com o estado de São Paulo para renegociar R$ 3,6 bilhões em dívidas tributárias (leia nossa análise aqui), seguido por CVC Brasil (CVCB3, +13,8%) e Azul (AZUL4, +12,1%) que se beneficiaram do fechamento de juros. Já o destaque negativo foi PRIO (PRIO3, -5,1%), devido a uma queda no preço de petróleo dado dados econômicos mais fracos no EUA, o que pode causar uma redução na demanda.
No comparativo semanal, os juros futuros encerraram em queda, principalmente nos vértices intermediários e longos, enquanto os vencimentos curtos fecharam próximos à estabilidade. O diferencial entre os contratos com vencimento em janeiro 2026 e 2034 saiu de 103,4 pontos-base na sexta-feira passada para 95,1 pontos nesta semana. A curva, portanto, apresentou diminuição de inclinação. A semana contou a reunião do comitê de política monetária dos Estados Unidos (Fomc). A decisão ocorreu conforme amplamente esperado, com a manutenção dos juros no patamar atual entre 5,25-5,50%. No entanto, o tradicional pronunciamento do presidente do banco central americano (Fed), Jerome Powell, retomou o apetite ao risco do mercado. Na semana que se inicia, o protagonismo ficará com a decisão de política monetária pelo Copom na 4ª feira. DI jan/25 fechou em 10,17% (-2,3bps no comparativo semanal); DI jan/27 em 10,66% (-15,2bps); DI jan/29 em 11,16% (-18,5bps); DI jan/33 em 11,48% (-19,7bps); DI jan/37 em 11,5% (-21,2bps).
Mercados globais
Nesta segunda-feira, os mercados operam em alta nos Estados Unidos (S&P 500: 0,3%; Nasdaq 100: 0,2%), após sinalizações mais brandas do Federal Reserve na semana passada e dados de atividade econômica mais fracos que o esperado, que provocaram um aumento na expectativa de uma antecipação do início do ciclo de cortes de juros. Nessa semana, a temporada de resultados desacelera.
Na Europa, as bolsas operam em alta (Stoxx 600: 0,4%), com a temporada de resultados local, dados positivos de atividade econômica e inflação ao produtor em linha com o esperado. Na China, as bolsas fecharam o dia em alta (HSI: 0,6%; CSI 300: 1,5%) impulsionadas por expectativas de estímulos do governo ao setor imobiliário (comentamos mais detalhes no Top 5 Temas Globais).
Economia
Na última sexta-feira, a produção industrial do Brasil expandiu 0,9% em março, abaixo das expectativas (XP: 1,7%; consenso: 1,4%), implicando um tímido ganho de 0,3% no primeiro trimestre em relação ao trimestre anterior. O XP Tracker para o crescimento do PIB do primeiro trimestre de 2024 caiu para 0,6% t/t (2,2% a/a) de 0,7% t/t (2,4% a/a). Esperamos que o PIB aumente 2,2% em 2024.
Divulgado na sexta-feira, o Nonfarm Payroll, principal relatório do mercado de trabalho dos EUA, registrou criação de 175 mil empregos em abril, consideravelmente abaixo das expectativas (240 mil). O salário médio por hora aumentou 0,20% e a variação acumulada em 12 meses passou de 4,11% para 3,92% – seu nível mais baixo desde maio de 2021. Apesar dos indicadores mais fracos em abril, o mercado de trabalho dos EUA segue apertado em meio à taxa de desemprego baixa e crescimento salarial elevado. O índice ISM PMI de Serviços nos EUA caiu consideravelmente para 49,4 em abril de 2024, de 51,4 no mês anterior, marcando a primeira contração na atividade do setor de serviços desde dezembro de 2022, e decepcionando as expectativas do mercado de 52.0 pontos. Na China, o índice Caixin PMI de Serviços caiu para 52,5 em abril de 2024, de 52,7 em março, em linha com as expectativas. Foi o 16º mês consecutivo de crescimento na atividade de serviços. Na zona do euro, a inflação ao produtor registou queda de 0,4% em março, em linha com as expectativas, e a inflação acumulada em doze meses registrou -7,8%.
Esta semana, o protagonismo da agenda econômica doméstica ficará pela decisão de política monetária pelo Copom na 4ª feira. Diante da postergação de cortes de juros nos Estados Unidos, da atividade doméstica robusta e das expectativas de inflação ascendentes, esperamos que o Copom desacelere o ritmo de cortes para 0,25 p.p., reduzindo a taxa Selic para 10,50%. Na 6ª feira, teremos a divulgação do IPCA de abril, para o qual projetamos aceleração ante março, sobretudo em função de reajustes em produtos farmacêuticos e combustíveis. Do lado da atividade econômica, o IBGE divulgará a Pesquisa Mensal do Comércio referente a março na 4ª feira. Por fim, também será relevante a divulgação das estatísticas fiscais do mesmo mês pelo Banco Central na 2ª feira. Na agenda internacional, teremos indicadores econômicos na China. Destaque para resultados do setor externo de abril (5ª-feira) e inflação ao consumidor e ao produtor de abril (6ª-feira). No Reino Unido, o Banco da Inglaterra anunciará sua decisão de política monetária na 5ª-feira, e o PIB do primeiro trimestre será divulgado na 6ª-feira.
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