Até que ponto posso me posicionar? Dentro desse contexto complexo, quero abordar um aspecto mais prático que decorre da dinâmica das redes sociais e tem impacto direto sobre o mundo do trabalho: até que ponto posso me posicionar sem comprometer meu emprego? A questão tem habitado minha mente pelo recente episódio ocorrido em abril no Google, em que a empresa demitiu 28 funcionários que manifestaram sua oposição ao projeto Nimbus, um acordo da gigante da tecnologia e o governo de Israel. A decisão da gigante de tecnologia dividiu a opinião pública. Para mim, um total de zero surpresa sobre mais essa polarização. Entretanto, antes de partir para uma análise e construção de resposta à pergunta anterior, quero compartilhar meu mapa mental, que me guia antes de embarcar em qualquer discussão: Nem a notícia sobre o Google nem o fluxograma ajudaram a controlar seus dedinhos e, mesmo assim, você quer se posicionar? Então melhor saber dos riscos que podem estar associados ao seu posicionamento. Para esta análise, contei com a ajuda e visão técnica do meu amigo e também companheiro na labuta diária, Ricardo Tozo, diretor jurídico da Empiricus. 1 - Regras dentro do ambiente corporativo A empresa pode proibir que não se fale sobre determinados assuntos dentro do ambiente corporativo, como política e religião, por exemplo. Mas desde que essa regra seja válida para todos, não apenas para quem discorde da sua opinião. 2 - Liberdade de expressão fora do ambiente de trabalho As regras dentro da empresa, contudo, não necessariamente valem para fora. As pessoas têm o direito de preferir um posicionamento político em relação a outro, uma religião a outra, e assim por diante. Constitucionalmente, as pessoas têm o direito de se manifestar livremente. 3 - Limites da liberdade de expressão Embora o direito à liberdade de expressão e o direito de acesso à internet sejam direitos fundamentais, eles não são absolutos, principalmente quando expõem negativamente pessoas e empresas. 4 - Cuidados legais e éticos É preciso cuidar para que o direito de se expressar não viole leis contra difamação, calúnia e injúria. Caso o empregado extrapole o direito de expressão, se manifestando contrário à empresa de maneira inadequada, pejorativa e nociva, ou, ainda, em relação a colegas de trabalho, a empresa poderá utilizar-se do seu poder para até dispensá-lo por justa causa, como em casos de homofobia ou racismo nas redes sociais. 5 - Ética e respeito Ainda que o direito de se expressar seja garantido constitucionalmente, os limites legais, o bom senso, a ética e o respeito devem prevalecer em qualquer manifestação. Principalmente nas redes sociais. 6 - Políticas internas É importante que a empresa tenha políticas claras sobre a forma como os funcionários devem se portar em suas redes sociais, nos limites da lei, e dentro dos critérios de razoabilidade. Na dúvida... Chegou até aqui e ainda tem dúvida se deveria ou não se posicionar? Vai por mim: não se posicione. A dúvida pode ser um sábio indicativo de potenciais danos para você. E já que estamos falando sobre o direito à liberdade de expressão, antes de terminar, no dia de hoje, o uso do seu direito é ilimitado para duas coisas: desejar e declarar um feliz Dia das Mães, celebrando e desfrutando desse dia tão especial; e divulgar e apoiar incansavelmente as iniciativas de ajuda e doação ao nosso querido povo gaúcho! Para quem desejar se somar à ação solidária do BTG, os caminhos são os seguintes: Até a próxima! |