Caro leitor,
Há mais de um ano, os céus do mercado financeiro estão tomados por dragões poderosos e uma horda de cavaleiros persistentes que buscam evitar uma tragédia em escala global.
A batalha não tem sido fácil e há inúmeras perdas colaterais do forte aperto monetário necessário para o controle dos preços e das condições ideais de mercado. E, depois de tanto tempo, os monstros que assombram a economia global começam a mostrar sinais de fraqueza. Uma vitória (parcial) dos BCs.
Todo banqueiro central seria capaz de concordar que as coisas seriam mais fáceis se a arma dos juros altos e o estrangulamento correto da atividade econômica fossem os únicos fatores determinantes para o fim da alta dos preços.
A verdade, no entanto, é que não importa para que lado a força esteja pendendo na batalha nos céus: há sempre ovos de dragão prontos para serem chocados — basta apenas a quantidade certa de calor.
E foi exatamente isso que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) fez — de surpresa — no último fim de semana. O cartel decidiu cortar a produção da commodity em mais de 1 milhão de barris por dia,
garantindo assim a manutenção dos preços mais elevados, ainda que a atividade global desacelere.
Se por um lado a forte alta do petróleo garante uma vida mais tranquila para empresas produtoras e exportadoras da commodity, por outro o medo é de que uma nova onda de inflação tome conta do planeta.
É como se a Opep+ tivesse colocado a temperatura da incubadora de ovos de dragão no máximo.
Inflação mais alta é sempre sinal de problemas, mas a situação atual da economia global é ainda mais delicada. É só lembrar que 1) os efeitos do pós-covid ainda são uma realidade e; 2) não se sabe ao certo a extensão da crise bancária que assombrou os investidores nas últimas semanas.
No Ibovespa, a forte alta das petroleiras e sinais amigáveis de que Fernando Haddad, ministro da Fazenda, está realmente disposto a
resolver a questão fiscal antes de qualquer outra coisa, limitaram as perdas do dia e aliviaram a curva de juros — mas, ainda assim, o índice recuou 0,37%, aos 101.506 pontos. O dólar à vista encerrou a sessão com leve ganho de 0,05%, a R$ 5,0709.
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