O senador gaúcho Pinheiro Machado é pouco lembrado hoje, mas foi provavelmente o homem mais poderoso dos primórdios do republicanismo no Brasil.
Ficou conhecido como “Condestável da República” e detinha uma espécie de toque de Midas para fazer presidentes na passagem do século 19 para o 20.
Conta-se que certa vez, preso em um coche cercado por uma multidão hostil, teria orientado ao condutor: “Siga em frente, mas não tão rápido que pareça covardia; nem tão devagar que pareça provocação”.
Com o passar das décadas, a expressão passou a ser aplicada a situações de conflito. Foi citada em mais de uma ocasião neste início de 2023, em meio à queda de braço entre o Palácio do Planalto e o Banco Central quanto ao cabimento da taxa de juros a 13,75% ao ano.
Havia uma alta expectativa de que o BC recuasse na reunião de política monetária desta semana. Que sinalizasse uma nova postura, mas nem tão rápido que parecesse covardia nem tão devagar que parecesse provocação.
Entretanto, sob duras críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde as primeiras semanas de seu terceiro mandato, o BC optou por entrar de cabeça na briga.
No comunicado da última reunião, a autoridade monetária foi além de dizer que não enxerga espaço para um alívio nos juros tão cedo e reabriu a porta para uma eventual retomada do ciclo de alta se a inflação não desacelerar no ritmo desejado.
Diante disso, os analistas passaram a olhar com apreensão para o IPCA-15 de março. A prévia da inflação oficial sai hoje, antes da abertura do mercado.
A projeção, segundo apuração do Broadcast, é de que o IPCA-15 desacelere tanto na comparação mensal (de 0,76% para 0,67%) como na anual (de 5,63% para 5,34%).
Ainda é mais do que a meta de inflação para 2023. De qualquer modo, há a expectativa de que o Copom descarregue um pouco nas tintas da ata, prevista para a próxima terça-feira, se o IPCA-15 ao menos vier como o esperado.
Para ficar por dentro dos efeitos dessa disputa nos seus investimentos, acompanhe a cobertura de mercados do Seu Dinheiro.