A terça-feira dos mercados financeiros amanhece com a expectativa em torno da divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Na semana passada, o colegiado comprou inesperadamente a briga lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em torno do atual nível da taxa de juros.
Quando a maior parte dos analistas esperava a sinalização de uma queda iminente da taxa Selic, o Copom serviu um comunicado duro. Deixou, inclusive, a porta aberta para levar os juros para além dos atuais 13,75% ao ano.
O tom foi tão duro que até participantes do mercado ficaram com a impressão de que o Copom, na ânsia de afirmar sua autonomia, pesou demais a mão e entrou numa briga que, tal qual vem se desenhando, não terá ganhadores entre os envolvidos.
Para o BC, um dos principais riscos é o descrédito. Mesmo diante do tom duro, o mercado não entrou na onda.
Depois do último Copom, a Agência Estado fez um levantamento junto a 38 casas de análise. A sondagem mostrou que a expectativa é de que a Selic chegue ao fim do ano a 12,75%, de 12,50% antes. Até aqui, tudo bem. Acontece que nenhuma delas prevê a ocorrência de algum ajuste para cima antes do início de um alívio na taxa de juro ainda em 2023.
Para hoje, os investidores querem saber se o Copom vai manter o tom duro ou se vai descarregar um pouco as tintas. Ninguém espera que o colegiado retire o que já está no comunicado. Mas não está descartada a adoção de um linguajar menos beligerante.
Se isso acontecer, não será a primeira vez. Na passagem de janeiro para fevereiro, o BC aproveitou a ata para aliviar um pouco o tom do comunicado.
Além disso, os analistas aguardam um detalhamento da visão do Copom em torno da crise bancária no exterior e da desaceleração da concessão de crédito no Brasil. Assuntos importantes para o BC neste momento, mas que ficaram em segundo plano no comunicado.
Para ficar por dentro do tom da ata do Copom, acompanhe a cobertura de mercados do Seu Dinheiro.