Quem cresceu nos anos 1990 deve se lembrar de ver uma tia, uma amiga da mãe ou uma vizinha sacar de dentro de sacolas todo o tipo de eletrônicos, brinquedos e roupas, fabricados na China e trazidos clandestinamente do Paraguai. Em viagens de ônibus ou carro, essas senhoras, as "sacoleiras", driblavam as tarifas e taxas que o governo do Brasil impunha a produtos importados. Era uma tentativa de arrecadar impostos e defender a indústria nacional da competição de produtos muito mais baratos. Mais de três décadas depois, na capital dos Estados Unidos, foi com aquela sensação de familiaridade que me deparei com americanos comuns, microempresários e empreendedores individuais, descobrindo a muamba. Em fóruns sobre importação de produtos da China, eles discutiam se seria viável e legal mandar as compras da gigante chinesa Alibaba para o México, cruzar a fronteira de carro e apanhar as encomendas, voltando pra casa na torcida de não ter o veículo inspecionado pela alfândega. Tudo para driblar as tarifas impostas pela gestão Trump, que já caíram de 145% a 30% nas últimas semanas. Como no Brasil dos anos 1990, a prática da muamba é ilegal nos EUA de 2025, o que explica porque ninguém quis expor o nome ou detalhar os planos quando eu os procurei para entrevistá-los para esta reportagem. Mas o economista Otaviano Canuto, que vive em Washington e foi diretor do Fundo Monetário Internacional, me disse que a se manterem as tarifas, a muamba é a resposta humana esperada, tanto de brasileiros como de americanos. LEIA A REPORTAGEM COMPLETA NO UOL PRIME |