Como o fabricante do Ozempic perdeu o controle do mercado de combate à obesidade

A Novo Nordisk revolucionou o mercado do emagrecimento. Ela é a dona Ozempic e do Wegovy, que lideram os tratamentos contra a obesidade mundo afora. Mas, agora, a farmacêutica vê sua liderança ameaçada – e suas ações já caem quase 50% em 12 meses.

Em 2021, antes do lançamento do Wegovy, a empresa subestimou o sucesso da medicação. É que seu remédio de emagrecimento anterior, o Saxenda, não tinha feito muito barulho.
Mas com o Wegovy foi totalmente diferente. Em apenas cinco semanas, ele atingiu uma taxa de prescrição que o Saxenda levou cinco anos para alcançar.
O problema é que as fábricas da Novo Nordisk não estavam preparadas para tanta demanda. Nessa, a concorrência aproveitou. Em 2023, a americana Eli Lilly lançou o Zepbound, rival direta do Wegovy. Enquanto a Novo Nordisk tentava contornar a escassez de medicamentos, a Lilly foi ganhando mais fatias do mercado. Agora, as receitas semanais de Zepbound nos EUA ultrapassaram as de Wegovy.

Hoje vamos falar sobre:

✈️ Embraer na Índia

🕵️‍♂️ Monero, a criptomoeda invisível

🧨 A dívida pública americana

🌍 Carry trade de emergentes

HIGHLIGHTS

🇮🇳 Embraer na Índia

A Embraer abriu uma subsidiária na Índia, com escritório em Nova Délhi. Hoje, existem 50 aeronaves da empresa em operação no país. E, em 2024, ela firmou um acordo com a Mahindra Defence para avaliar uma parceria num projeto de cargueiros militares da Força Aérea indiana.

🪙 Méliuz e os bitcoins

A Méliuz vai emitir 17 milhões de novas ações numa oferta voltada a investidores profissionais. A meta é levantar pelo menos R$ 150 milhões – e até R$ 450 milhões, se a demanda for alta. A empresa disse que vai usar o dinheiro pra comprar bitcoin e colocar a cripto no coração de sua tesouraria. Depois do anúncio, as ações da empresa caíram 9% na sexta.

🌬️ O data center da Casa dos Ventos

A Casa dos Ventos recebeu sinal verde do Operador Nacional do Sistema Elétrico para tirar do papel um data center de R$ 50 bilhões no Porto do Pecém (CE). As obras começam no segundo semestre de 2025, e a estreia está prevista para 2027. Um dos potenciais clientes é a ByteDance, dona do TikTok.

UMA IMAGEM

A OPEP+, aliança de países produtores de petróleo, decidiu ampliar a oferta global da commodity. Em julho, serão 411 mil barris extras por dia – terceiro mês seguido de alta. A ideia é ganhar mercado forçando para baixo o preço do barril, hoje perto dos US$ 65. Na foto: a sede da OPEP, na Áustria (Getty).

O MELHOR DO INVESTNEWS

Monero, a criptomoeda invisível

A Monero é a 25ª maior cripto do mundo, com um valor de mercado de US$ 4,9 bilhões. Seu diferencial: oferecer anonimato total nas transações.

Para isso, ela combina três tecnologias: mistura a assinatura do usuário com a de outras pessoas, gera um novo endereço a cada operação e esconde o valor transferido. Tudo para dificultar qualquer tentativa de rastreio.
Essa capa da invisibilidade digital, claro, virou uma mão na roda para criminosos. Em abril, um usuário movimentou 3.520 bitcoins, o equivalente a US$ 330 milhões. A suspeita é que tenha sido um hacker roubando essas criptos. Mas não dá pra cravar, já que ele converteu tudo em Monero e sumiu do mapa.
Não à toa, a Monero vive na mira das autoridades em todo o canto do mundo. Já foi proibida em plataformas da União Europeia, Japão, Austrália, Dubai…

A semana de quatro dias

Dá pra trabalhar quatro dias por semana sem derrubar a produtividade da empresa? A missão da 4 Day Week Global é provar que sim. Desde 2022, a ONG acompanhou testes em 245 companhias em países como EUA, Brasil, Alemanha e África do Sul. Num artigo do Wall Street Journal, a pesquisadora-chefe da organização, Juliet Schor, conta a experiência.

Entre os funcionários, claro, a ideia pegou bem. Depois dos testes, 69% disseram se sentir menos esgotados, 42% relataram melhora na saúde mental e 37% notaram ganhos na saúde física.
Mas também rolou algo contra intuitivo: no geral, as empresas também gostaram. Depois de um ano, só 10% delas decidiram voltar aos 5 dias de trabalho.

Leia mais nesta coluna do Wall Street Journal, em português.

UMA FRASE

❝

"Os EUA nunca vão dar calote. (...) Estamos numa zona de alerta, mas não vamos bater no muro."

Scott Bessent, secretário do Tesouro americano, em entrevista à CBS. O país está perto de estourar o limite da dívida pública, hoje em US$ 36,1 trilhões. Se isso acontecesse, o governo ficaria sem caixa para pagar os credores – e teria que dar calote. Mas essa é uma possibilidade remota: desde 1960, o Congresso já esticou o teto da dívida 78 vezes para evitar a inadimplência. E fará de novo este ano.

VALE PARAR PARA LER

✨ O brilho dos emergentes

As moedas de países emergentes voltaram às carteiras dos investidores. Eles estão apostando na estratégia de carry trade: tomar empréstimos em moedas fortes e de juros baixos, como dólar e euro, e aplicar onde os juros são mais altos – tipo Brasil, Turquia, México… A sacada é lucrar com essa diferença de juros – desde que, claro, a moeda local não desvalorize no meio do caminho.

💾 A guerra dos chips

Taiwan é o maior polo global de produção de chips. Hoje, esse domínio tecnológico dá ao país um certo poder de barganha para evitar uma invasão da China – que tenta assumir o controle da ilha há quase 80 anos. Mas esse escudo começa a enfraquecer: empresas chinesas vêm ganhando espaço nos chips menos avançados – e devem ultrapassar Taiwan nesse mercado já em 2027.

É isso. Boa segunda-feira!

Recebeu a newsletter de alguém? Assine aqui: https://investnews.beehiiv.com/

Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito