O Publicis Groupe, dono de agências de publicidade como Talent, DPZ e Leo (ex-Leo Burnett), anunciou nesta semana a aquisição da empresa de marketing de influência BR Media Group. A movimentação é uma das mais relevantes no mercado de comunicação nos últimos anos — isso porque a BR Media, uma das maiores do setor na América Latina, atua com cerca de 500 mil criadores de conteúdo e plugará seu trabalho nos cerca de 65 clientes das agências do grupo no Brasil. Para entender um pouco mais sobre essa união, Mídia e Marketing conversou com Gabriela Onofre, CEO do Publicis Groupe no Brasil desde junho de 2023. Gabriela também fala sobre seus 18 meses à frente do grupo no país. Confira: Como a aquisição complementa a oferta de serviços do grupo e como a influência vai incrementar ainda mais os trabalhos de publicidade? A chegada da BR Media ao Publicis Groupe complementa a nossa oferta integrada, que tem como objetivo ajudar o cliente a navegar com fluidez por um ambiente em que a mídia está cada vez mais fragmentada. A aquisição posiciona o grupo numa categoria única no mercado brasileiro e latino e está alinhada à nossa missão de ser um parceiro estratégico dos clientes na transformação de seus negócios. Com a BR, somos capazes de acionar a estratégia de influenciadores desde o início da construção de uma solução criativa. Este é um diferencial fundamental para as marcas hoje. Você está à frente de um grupo de comunicação depois por passar por empresas de bens de consumo (P&G e Johnson & Johnson), além de ser sócio da Unico, empresa de tecnologia. Como foi essa mudança de lado do balcão? Estou vivendo exatamente a combinação de tudo que tinha vivido até o momento na minha carreira. O grupo se reinventou por causa de todas as transformações que aconteceram no mercado. A fragmentação da mídia, por exemplo, trouxe uma complexidade muito grande para o nosso mercado. Hoje, temos uma coluna vertebral baseada em dados e tecnologia. Isso enriquece todo o processo, de mídia, de criação, de estratégia e até de mensurar o resultado. Também nos dá uma vantagem competitiva. Minha chegada também trouxe uma coisa muito genuína da dor do cliente. E é nosso objetivo resolver esse problema do cliente, não importa qual ele seja. Temos que ser um parceiro estratégico, um consultor de negócios. Além disso, as coisas têm mudado muito rápido. O grupo precisa ter uma agilidade empreendedora. E como é trazer isso de fora para dentro? Agências de publicidade nem sempre pensam assim. Um dos maiores desafios é implementar essa cultura? As agências, por exemplo, possuem perfis diferentes. Isso é bom. Um exemplo: a Talent ainda é super estratégica, muito focada no negócio — e é isso que o cliente valoriza. Mas isso não quer dizer que ela é uma agência do passado. Tanto que um dos nossos maiores crescimentos recentes foi na parte digital da Claro, que é um cliente que está há quase 20 anos com a gente. Um aspecto importante é 'conectar com a nave mãe'. O modelo já funciona, então temos que trazer todas as especialidades, trazer todas essas novidades para treinar as pessoas para sempre estarem atualizadas. Na P&G você também passava por essa conexão à 'nave mãe'. Qual foi o maior desafio desse um ano e meio no grupo? E o que você ainda quer aprimorar, como CEO? O desafio da transformação cultural é sempre o maior. Temos novos processos, novos jeitos de ver as coisas. Por outro lado, a melhor coisa é ver a direção para onde estamos indo, dar contexto para as pessoas. Toda transformação causa insegurança, mas, ao mesmo, acho que temos conseguido mostrar esses impactos. Essa disrupção de mídia, por exemplo, vai continuar acontecendo. Do nosso lado, temos que garantir que as pessoas estejam qualificadas e possam usar as melhores ferramentas no seu dia a dia. |