Morning Call Disparada do dólar, votação do pacote fiscal e relatório de inflação em destaque
Ibovespa
O Ibovespa fechou em queda de 3,1% ontem, aos 120.772 pontos, em seu pior desempenho diário desde novembro de 2022, e com 84 dos 87 papéis do índice terminando o dia no campo negativo. Novamente, as preocupações fiscais pressionaram a Bolsa brasileira, com os investidores reagindo negativamente ao enfraquecimento das medidas do pacote de contenção de gastos no Congresso. Além disso, o índice repercutiu um aumento do pessimismo externo, com os mercados globais negativos (S&P 500, -3,3%; Nasdaq, -3,6%), após o Federal Reserve reduzir a taxa de juros em 0,25 p.p., mas indicando que os juros devem permanecer em um patamar restritivo para alcançar a meta de 2% de inflação. Com isso, os ativos brasileiros sofreram novamente: o dólar fechou em R$ 6,26 (+2,8%) e a curva de juros abriu de forma significativa em toda a sua extensão.
Por conta disso, os principais destaques negativos do dia foram papéis mais sensíveis aos juros como CVC, Magazine Luiza e Pão de Açucar (CVCB3, -17,1%; MGLU3, -10,0%; PCAR3, -10,0%). Já o principal destaque positivo do dia foi Marfrig (MRFG3, +1,8%), se beneficiando da alta do dólar e de um movimento técnico, além de um possível movimento de recompra de ações.
Para o pregão de quinta-feira, os destaques da agenda econômica serão a decisão de juros na China e no Reino Unido. No Brasil, os investidores permanecerão atentos às notícias referentes ao pacote de contenção de gastos do governo.
Renda Fixa
As taxas futuras de juros encerraram a sessão de quarta-feira com abertura em todos os vértices da curva. No Brasil, o leilão de NTN-Fs foi marcado pela rejeição das ofertas de venda, com apenas 10% das ofertas de compra sendo aceitas. Além disso, o sentimento negativo em relação à política fiscal continuou a dominar o mercado, levando a nova alta dos DIs. O DI jan/26 encerrou em 15,385% (+30,4bps vs. pregão anterior); DI jan/27 em 15,84% (+42,6bps); DI jan/29 em 15,54% (+42,2bps); DI jan/31 em 15,21% (+41,6bps).
Nos EUA, o Federal Reserve reduziu a taxa de juros em 25bps e ressaltou que será necessário um maior progresso no combate à inflação para que novos cortes sejam realizados. Por lá, os rendimentos das Treasuries de dois anos terminaram o dia em 4,35% (+10,0bps), enquanto os de dez anos em 4,50% (+10,0bps).
Mercados globais
Nesta quinta-feira, os futuros nos Estados Unidos abrem em alta (S&P 500: 0,5%; Nasdaq 100: 0,5%) num respiro após a queda expressiva dos índices que sucedeu a decisão do comitê de política monetária do Fed (FOMC). As projeções divulgadas pela autoridade monetária indicaram apenas dois cortes de 25 bps na taxa dos Fed Funds em 2025 (contra 4 anteriormente). Na coletiva de imprensa, Jerome Powell adotou tom mais duro, chegando a declarar que a taxa já se encontra “próxima ao nível neutro”. O mercado aguarda a divulgação de dados da inflação medida pelo deflator PCE, agora com renovada atenção considerando as preocupações de reaceleração da inflação pelo Fed.
No restante do mundo, prevalece o sentimento mais negativo proveniente do Fed e do dólar mais forte. Na Europa, as bolsas operam em queda (Stoxx 600: -1,4%), enquanto o mercado aguarda decisão de juros do Banco da Inglaterra. As bolsas chinesas fecharam mistas (CSI 300: 0,1%; HSI: -0,6%).
Economia
Nesta quarta-feira, a decisão do Fed de reduzir as taxas de juros agitou o mercado. Apesar de o corte de 25 pontos-base ser amplamente esperado, o comunicado pós-reunião e a entrevista deram um tom mais duro (hawkish) da autoridade monetária em relação à inflação e sinalizaram uma pausa na reunião de janeiro – e possivelmente em outras reuniões ao longo do ano. Além disso, os dirigentes do Fed veem agora uma taxa de juros terminal mais alta, próxima a 3,5%. O banco central japonês (BoJ), por sua vez, manteve as taxas de juros inalteradas, também de acordo com o esperado. Na reunião após a decisão, o presidente do BoJ afirmou que é necessário “mais um nível” para o próximo aumento de juros. No Brasil, a Câmara dos Deputados finalizou a aprovação do projeto de lei complementar que adiciona gatilhos ao arcabouço fiscal em caso de déficit ou de redução nas despesas discricionárias. Além disso, iniciou as discussões da PEC que altera o abono salarial e o Fundeb e da lei que altera o salário mínimo.
Na agenda do dia, destaque para as decisões de política monetária no Reino Unido e na China. Em ambos os casos, espera-se a manutenção das taxas de juros vigentes. No entanto, enquanto no Reino Unido a preocupação é com a inflação, que dá sinais de alta, na China o foco continua sendo em ampliar os estímulos à atividade econômica. No Brasil, o relatório trimestral de inflação do Banco Central e a conclusão da votação da PEC e do projeto de lei que compõem o pacote fiscal concentram as atenções.
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