Não importa se é ação ou um título de dívida emitido por uma empresa. Na hora de colocar o seu dinheiro em qualquer que seja o ativo, é importante considerar se você está sendo bem pago pelo risco que está tomando. No caso das debêntures, títulos de dívida emitidos pelas empresas e especialidade de Vivian Lee, sócia e gestora da Ibiuna Investimentos, alguns nomes não valem a pena nem pela alta rentabilidade. Enquanto outros, compensam simplesmente pela qualidade do emissor (é o caso de alguns bancões, por exemplo). Essa prática se torna ainda mais importante em um momento de euforia nesse mercado, o que levanta questionamentos sobre uma possível bolha. “Tem nomes que nem a CDI + 15% a gente quer. E tem nomes que a CDI + 0,3%, a gente topa fazer”, afirma. Segundo a gestora, é essencial avaliar a liquidez, a duration (prazo do investimento) e o carrego na hora de colocar – ou não – uma debênture na carteira. Sobretudo, é preciso pensar no risco. “Às vezes parece que existe um prêmio, mas embutido ali há muito risco envolvido – ou porque o papel não é tão líquido ou porque tem risco de crédito”, disse a gestora. Nesse contexto, Lee afirma que “o papel do gestor é avaliar se a rentabilidade mais elevada compensa o grau de risco.” Vale lembrar que as debêntures viveram um verdadeiro boom nos últimos tempos: de janeiro a setembro desde ano, as emissões bateram o recorde da série histórica, atingindo R$ 96,1 bilhões, segundo a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Assista o episódio da semana na íntegra, clicando aqui. Quais são as perspectivas para o mercado de crédito com a alta da Selic? Após vários “estouros” no mercado de crédito em 2023, como os emblemáticos casos de Americanas (AMER3) e da Light (LIGT3), fica o questionamento para o investidor: será que podem haver novas crises no futuro, principalmente devido à nova escalada da Selic? Para Vivian Lee, os spreads (o prêmio pago pelas debêntures acima de alguma taxa de referência, como CDI ou IPCA) devem ser reduzidos, com a taxa de juros mais alta. Com isso, ela prevê que alguns investidores vão preferir trocar os rendimentos de alguns fundos de crédito por CDBs de grandes bancos. Em resumo: quanto mais tempo a Selic ficar alta, mais confortável o investidor vai ficar confortável em correr pouco risco e não vai precisar buscar um spread de crédito adicional para “apimentar” o portfólio. No entanto, a gestora não espera um aumento dos resgates dos fundos de crédito nem um “estouro” como o que ocorreu no ano passado. Veja o episódio completo do Touros e Ursos, que também traz como destaques da semana a vitória de Donald Trump nas eleições nos Estados Unidos, o risco fiscal no Brasil e uma homenagem à lenda da música Quincy Jones. |