Mulheres e homens têm divisão recorde no apoio aos candidatos à presidência dos Estados Unidos, e a resposta a essa polarização se dá por questões de gênero.
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Bárbara Blum
Escreve sobre gênero no Todas e apresenta o podcast Modo de Viver. Foi editora-assistente da Ilustrada
Por que homens e mulheres se dividem entre Trump e Kamala?
Mas, apesar de ela não reivindicar pra si esse papel, o eleitorado tem dado um recado claro sobre as questões de gênero que permeiam essa campanha. Uma reportagem da correspondente da Folha em Washington, Fernanda Perrin, mostrou que a divisão de intenção de voto entre homens e mulheres nunca foi tão grande. As mulheres gravitam para a Kamala e os homens, para o Trump.
Segundo o cientista político Dan Cassino, diretor do instituto de pesquisas da Universidade Fairleigh Dickinson, o subtexto de gênero sempre acompanhou as eleições americanas e se intensifica desde os anos 1980. Agora, segundo a professora do programa de estudos sobre mulheres e gênero da Smith College Carrie Baker, se tornou cômico com figuras como o presidente do UFC na convenção republicana e um lutador rasgando a camisa.
Comentários do vice de Trump, JD Vance, não ajudam. Uma entrevista de 2021, na qual ele diz que o país é dominado por "tias dos gatos" infelizes e sem filhos, voltou à tona na campanha e ganhou força, uma vez que a própria Kamala não têm filhos.
O direito ao aborto também pesa nessa divisão. Depois da derrubada, em 2022, da decisão judicial de 1973 chamada de Roe v. Wade, que garantia o direito ao aborto a nível federal nos EUA, a regulamentação do procedimento ficou a critério de cada estado —e vários deles retrocederam a ponto de proibir o aborto inclusive em casos de estupro.
Mas uma onda de plebiscitos indicou vitórias para o movimento pró direitos de escolha e uma nova leva de votações vai ocorrer no fim do ano. Kamala promete restaurar, via Congresso, o direito ao aborto a nível federal. Trump diz que vai manter o cenário atual de decisão estado a estado.
Cartaz que diz 'aborto é assistência médica' em um protesto a favor do procedimento nos EUA - Kevin Lamarque/Reuters
A Folha tem uma newsletter sobre as eleições nos Estados Unidos. A correspondente Fernanda Perrin informa tudo que você precisa saber sobre a corrida presidencial no país.
Saúde mental é tema para o ano todo, principalmente para quem acompanha o blog da Sílvia Haidar, especialista no tema aqui na Folha. Mas em setembro esse assunto ganha uma atenção extra. Ainda bem! A Sílvia separou cinco livros para discutir ansiedade, depressão e também obras com bons pontos de partida para lidar com esses transtornos.
Falando em podcast, o episódio da semana do Modo de Viver, série da Folha sobre saúde e bem-estar, fala sobre menopausa, mas não só para quem está passando por isso. Médicas explicam todo o caminho da mudança hormonal até os sintomas, dão dicas sobre a hora em que isso deve aparecer na conversa com ginecologistas e indicam alguns tratamentos possíveis. O episódio tem, ainda, a história de uma escritora que entrou na menopausa de repente, aos 24 anos.
Em uma nota mais doce, na semana passada indiquei meus cafézinhos preferidos em São Paulo e hoje trago uma notícia que me deu água na boca. Depois de um período em mudança de endereço, uma das docerias mais especiais da cidade ganha nova unidade. A Vivianne Wakuda, conhecida pelos choux deliciosos, saiu de Moema para uma nova casa em Pinheiros. Abertura na quinta-feira (5). Para quem se arrisca no agridoce, o choux de missô é certeiro.