Abertos ou fechados, relacionamentos devem ter regras e respeito.
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Vitória Macedo
Jornalista, escreve para o Todas
As várias formas de amar
Existe só um formato possível para ser feliz em um relacionamento? É partindo desse questionamento que na Folha, por meio da iniciativa Todas, começamos a publicar a série É Tudo Amor, que fala sobre modelos de relacionamentos abordando as mudanças nas formas de amar e como o sentimento se reflete nas diferentes gerações. Há diferentes configurações do que é um namoro ou casamento, e muitos laços rompem padrões e regras pré-estabelecidas pela sociedade.
Algumas pessoas podem ter uma visão equivocada ao pensar que a não-monogamia tem a ver com pegação. Mas não é sobre isso. A espanhola Brigitte Vasallo, autora de “O Desafio Poliamoroso”, diz que o poliamor vai muito além de sair com outras pessoas e que o problema está na ideia de casal estabelecida na sociedade capitalista. Sobre o amor, na entrevista feita pela repórter Bárbara Blum , ela diz: “Só por ser algo que sentimos não quer dizer que não esteja atravessada culturalmente”.
“Nós somos frutos da nossa cultura, e na nossa cultura ocidental, o que rege as mentalidades é o amor romântico”, disse a psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, que entrevistei. “A minha crítica é porque é um tipo de amor que prega que as duas pessoas vão se transformar numa só, que nada mais vai lhes faltar, que qualquer coisa só tem graça se o amado ou amada estiver junto”, ela complementou.
A origem da monogamia, segundo especialistas,não está relacionada ao amor e nem à natureza e sim a um conjunto de interesses religiosos, econômicos e políticos. A socióloga Mônica Barbosa, parte do grupo Afetos, Políticas e Sexualidades Não-Monogâmicas, da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), observou que "a monogamia é a norma" e está longe de ser "uma moda que passou".
A série traz, inclusive, relatos de casais juntos há décadas, como o agricultor José Rubini, 86, e a dona de casa Rosa Davi Rubini, 82, que completam 64 anos de casamento neste mês. “Tudo que decidimos os dois estão de acordo. Ela não é só minha esposa, é minha amiga, tudo para mim”, disse José à repórter Danielle Castro. Segundo especialistas ouvidos na reportagem, a ideia de encontrar um único amor para toda a vida ainda faz parte do imaginário popular.
Por outro lado, mais de 30 países no mundo aceitam a poligamia, ou seja, é permitido a união conjugal de uma pessoa com várias. A prática, que em geral é rara, tem maior aceitação social e permissão na região da África subsaariana e do Golfo Pérsico.
A série também aborda o comportamento dos casais. É comum relacionamentos abertos terem algumas regras, como não ficar com amigos, mas não é como se não existissem também em relações monogâmicas. “Acontece que a regra já vem pronta e já está em prática. A diferença é que você não as questiona”, afirmou Felipe Starling, psicólogo clínico e terapeuta de casal com quem conversei sobre o tema.
Lorena Gomes, 30, e Gustavo Blosfeld, 33, tinham algumas regras para seu relacionamento aberto, que durou cerca de quatro anos nessa configuração. Mas eles sentiram que precisavam se reconectar e resolveram se relacionar só entre si. Para Lorena, o relacionamento não tem uma fórmula única e não é linear. “As pessoas podem ser o que quiserem dentro da relação, desde que elas se respeitem, se organizem e cuidem umas das outras”, disse.
Lorena Gomes, 30, e Gustavo Blosfeld, 33, mantinham um relacionamento aberto, porém, desde o ano passado, resolveram fechar a relação - Adriano Vizoni/Folhapress
Rebeca Andrade se prepara para as Olimpíadas que começam na próxima semana, em Paris, consolidada como uma das grandes ginastas do mundo. Ela deu uma entrevistaà Folha contanto sobre a pressão de carregar esse fardo e como tem se preparado para a competição, além da sua relação com Simone Biles.
Tem muita coisa surgindo a todo o momento no streaming, mas algo que acho imperdível é a série “O Urso”, disponível no Disney+, que mostra o processo de um chefe talentoso de assumir e reerguer o restaurante do irmão após a sua morte. Protagonizada por Jeremy Allen White e Ayo Edebiri, a produção chega à sua terceira temporada e traz drama familiar, melancolia e comédia na dose certa.