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Nada dura para sempre. Nos mercados financeiros, essa frase já tão batida tem duas versões mais recorrentes. De um lado, nenhum índice ou ativo cai para sempre. De outro, nada se valoriza indefinidamente. No primeiro semestre, por melhor que fosse a notícia, a impressão era de que o Ibovespa nunca mais voltaria a subir. O semestre virou, julho chegou e a percepção mudou. Parecia que a bolsa nunca mais cairia de novo. Armadilhas. Na terça-feira, o Ibovespa explicou por que a renda variável leva essa nomenclatura. Depois de subir por 11 sessões seguidas, repetindo sua melhor sequência desde a virada de 2017 para 2018, o principal índice de ações da B3 fechou em queda de 0,16%. Nada muito grave, embora tenha sido a primeira queda da bolsa em julho — e, consequentemente, do segundo semestre de 2024. O Ibovespa reteve os 129 mil pontos e ainda acumula alta de mais de 4% no que vai do mês. Para hoje, os investidores repercutem o aumento da produção e das vendas da Vale e comentários feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre meta fiscal e sucessão no Banco Central durante entrevista concedida à Record. Quanto à Vale, os números de produção e vendas colocam em segundo plano a queda acentuada do minério de Ferro em Dalian e os ADRs da mineradora sobem no pré-mercado em Nova York. Entretanto, o exterior não ajuda hoje. As bolsas internacionais amanheceram no vermelho enquanto alguns investidores parecem ter caído na real em relação ao que seria o Trump trade. Sondagens indicam que o atentado do último fim de semana aumentaram as chances de Donald Trump voltar à Casa Branca com o Congresso sob controle do Partido Republicano. Aos poucos, isso começa a trazer à tona recordações sobre o que foi a presidência de Donald Trump (2017-2020): guerra comercial com a China, protecionismo, política anti-imigração e uma postura de confrontação ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. No que depender de falas recentes de Trump, nada disso deve mudar se seu favoritismo se confirmar nas urnas. Numa entrevista que veio à tona ontem, por exemplo, Trump disse que Powell fica até o fim de seu mandato no Fed, mas como uma condição. “Se eu achar que ele está fazendo a coisa certa.” Em político-economês, se Powell não baixar os juros logo, seu cargo pode ficar em risco. Mas o que pega mesmo nas bolsas hoje é a disputa entre EUA e China — iniciada por Trump e mantida por Joe Biden. O setor de semicondutores azeda o dia em meio a rumores de que o governo norte-americano estaria considerando aplicar as restrições comerciais mais duras possíveis contra a Tokyo Electron e a ASML Holding se elas continuarem dando à China acesso a suas tecnologias. Nesse cenário, o que pode ajudar (ou não atrapalhar) o mercado brasileiro é justamente o fato de o Ibovespa não dispor de nenhum grande representante no setor. Enquanto isso, os investidores aguardam os números da produção industrial de junho nos EUA, comentários de dirigentes do Fed e o Livre Bege do banco central norte-americano. |
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| | MAIS SOBRE O AUTOR Ricardo Gozzi É jornalista e escritor. Passou quase 20 anos na editoria internacional da Agência Estado antes de se aventurar por outras paragens. Escreveu junto com Sócrates o livro 'Democracia Corintiana: a utopia em jogo'. Também é coautor da biografia de Kid Vinil. COLABORAÇÃO Dani Alvarenga e Renan Sousa |
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