Enquanto levam horas ao lado de uma tomada, donos de carros elétricos podem pensar: e se fosse possível trocar a bateria vazia por outra, cheia? Não apenas é, como uma das principais fabricantes da China vem investindo nessa tecnologia ao redor do mundo. As Power Swap Stations, como são chamadas pela montadora Nio, realizam a substituição total da bateria em menos de cinco minutos, de maneira automatizada. Além disso, há descontos generosos para os clientes que optam por essa opção. Segundo a Nio, em abril deste ano já havia 3.354 estações em funcionamento. A maioria está na China, mas há planos de que, até o final de 2025, haja 1.000 pontos em países como Noruega, Alemanha, Suécia e Emirados Árabes Unidos. Como funciona? Os pontos de troca de bateria foram lançados, experimentalmente, em 2018 e já estão na quarta geração. São cabines semelhantes a contêineres, que podem ser instaladas até em estacionamentos de shopping centers. Ao se aproximar delas com o veículo da Nio, o condutor recebe um aviso no sistema multimídia e ordena o início do processo. Em seguida, os sensores do carro passam a se comunicar com equipamentos iguais, mas instalados nas cabines. Dessa forma, é possível ao piloto automático posicionar o veículo com precisão centimétrica. Com tudo no lugar, braços mecânicos desparafusam a bateria e colocam outra, devidamente carregada. Bateria por assinatura A Nio oferece descontos equivalentes a até R$ 100.000 para quem adquire um carro com o serviço de bateria por assinatura. Isso é possível porque o comprador se torna dono somente do veículo — a bateria instalada no assoalho é sempre de propriedade da montadora. Com ela, é possível usar carregadores por cabo normalmente. Para utilizar a Power Swap Station, por sua vez, é necessária uma assinatura de aproximadamente R$ 900 por mês. Caso queira revender o carro, o proprietário precisa transferir a assinatura para o novo dono ou pagar a diferença referente ao desconto aplicado na compra do zero-km. Em compensação, a Nio afirma checar todos os módulos de baterias removidos em cada troca. Assim, células defeituosas são substituídas pelos robôs e garante-se autonomia original para o veículo ao longo do tempo. De acordo com um estudo da Universidade de Administração de Singapura, a vantagem econômica para a montadora é do tipo ganha-ganha: os descontos no preço dos carros permitem mais vendas, ao mesmo tempo que se mantém a receita com assinaturas. Em países com alto uso de energia renovável, a Nio também diz otimizar os horários de recarga das baterias estocadas. Momentos oportunos incluem, por exemplo, à noite, quando quase toda a geração de energia eólica é desperdiçada. Em paralelo, a empresa também anunciou uma parceria com a CATL, a maior fabricante de baterias automotivas do mundo. A ideia é padronizar detalhes como tamanho e encaixe das células em diferentes marcas, permitindo que serviços de trocas sejam oferecidos sem vínculo a montadoras específicas. Já há modelos da Chery, Geely, GAC e de outros fabricantes sendo desenvolvidos com essa compatibilidade. Entre as possibilidades do serviço, os chineses já vislumbram até uma espécie de "eletricidade aditivada", na qual o consumidor pode pagar mais ou menos por uma bateria conforme alcance e tempo de recarga — caso vá circular em área sem estações de troca. A promessa da CATL é de que, no mundo real, o custo com a eletricidade seja de R$ 0,07 por quilômetro. Executivos da companhia preveem que, em 2030, cerca de um terço das recargas do mundo sejam feitas sob essa modalidade. |