O namoro dos investidores com a renda fixa deve durar mais alguns meses — o que não é uma novidade para quem está de olho no que vem dizendo o Copom (Comitê de Política Monetária) nas últimas reuniões. O que pode acontecer agora - Parou de subir, mas não deve cair logo. Com a interrupção do ciclo de alta para manter a taxa Selic a 15% ao ano na reunião desta quarta (30), o Copom deu ainda o recado de que pretende manter o patamar atual da taxa básica de juros nas próximas reuniões para examinar os impactos na economia brasileira. A expectativa, por enquanto, é que a taxa só deve começar a cair em 2026.
- O tom do Banco Central segue rígido. Para Matheus Spiess, economista da Empiricus, o BC está "preso" por incertezas fiscais e comerciais e não tem espaço para cortes neste momento. "A inflação continua muito acima da meta, e as expectativas estão desancoradas. O BC prefere manter os juros elevados por mais tempo a fazer um novo choque de aperto agora, o que teria custo elevado", explica.
- Cenário ainda está instável. A analista Laís Costa, também da Empiricus, aponta que o Copom "não retirou a possibilidade de voltar a subir os juros" e destacou a incerteza global como fator adicional. "Continuamos gostando de títulos prefixados, mas o cenário ainda exige cautela", resume.
Veja abaixo quais são as melhores opções de investimento de acordo com os analistas consultados pelo UOL: Renda fixaA Selic está no patamar mais alto desde 2006, e os sinais do BC indicam que ela deve continuar por um período prolongado. Para os investidores, isso sustenta o ambiente favorável à renda fixa — mas também exige estratégia e atenção aos prazos. - Tesouro Selic e CDBs pós-fixados: Seguem sendo as opções preferidas para quem busca segurança e liquidez, com retornos acima de dois dígitos, dizem os investidores. "Pagam bem, têm liquidez e oferecem segurança em um cenário onde os juros devem continuar elevados por mais tempo", resume Fernando Gonçalves, da The Hill Capital.
- Prefixados de médio prazo: Esses títulos já refletem um cenário de juros altos e incertezas fiscais. Se os juros caírem, aqueles títulos vendidos a juros mais altos têm ainda mais valorização, pela marcação a mercado. "É uma faixa interessante para quem busca rendimento real acima da média e está disposto a enfrentar alguma oscilação de curto prazo", diz Gonçalves, que recomenda vencimentos entre 2027 e 2031. "Os longos pagam mais, porém são mais voláteis e sensíveis a qualquer ruído fiscal ou mudança na curva de juros", defende. Laís Costa, da Empiricus, endossa que títulos prefixados são uma boa opção.
- Tesouro IPCA+: A atratividade está nos papéis com vencimentos mais longos, que chegam a oferecer inflação + 7,5% ao ano. "Esses títulos parecem muito interessantes para quem pode carregar até o vencimento", diz Marcel Andrade, da SulAmérica. A EQI também vê espaço para IPCA+ como proteção de longo prazo.
Renda variávelCom os juros altos, a renda variável perde atratividade e exige seletividade, mas alguns especialistas ainda veem espaço para alocações táticas: - Fundos imobiliários (FIIs): "Os FIIs de papel seguem com bom carrego, especialmente os atrelados ao CDI, mas também vemos oportunidades em papéis ligados ao IPCA negociando com desconto", diz Carolina Borges, da EQI. Já os fundos de tijolo, mais sensíveis à curva de juros, demandam atenção à alavancagem.
- "Em um cenário de juros altos, preferimos fundos com estrutura de capital saudável e alavancagem controlada. Ou seja, mesmo em um ambiente mais cauteloso, faz sentido manter alguma exposição à renda variável para investidores de perfil moderado a arrojado", diz Carolina Borges, da EQI.
- Ações: O momento ainda não oferece "gatilhos claros" para a Bolsa, mas o nível atual do Ibovespa, que está com múltiplos historicamente baixos, pode abrir oportunidades. "Faz sentido manter alguma exposição à renda variável para investidores de perfil moderado a arrojado", afirma Nícolas Merola, também da EQI.
- Mercados internacionais: A estrategista-chefe Paula Zogbi, da Nomad, destaca a importância da exposição a outros mercados. "O ambiente traz riscos particularmente elevados para a inflação, o que impacta os ativos brasileiros. A diversificação internacional é relevante tanto em renda variável quanto em renda fixa", afirma. O patamar elevado dos juros nos EUA também pode abrir janelas de oportunidade.
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