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 A semana começa com um certo tom de nostalgia no ar. Está prevista para a noite desta segunda-feira (31) a estreia do remake de Vale Tudo na tela da Rede Globo.
Em tempos nos quais um mês parece uma eternidade, os mais de 35 anos que separam a versão original da nova produção serão — e aqui vai uma palavra evitada a todo o custo pela equipe do Seu Dinheiro — desafiadores para os responsáveis pela produção.
Na virada de 1988 para 1989, mal se falava em outra coisa que não fosse o mistério em torno de quem teria assassinado Odete Roitman. Eram outros tempos. A televisão aberta dominava o ambiente nacional de mídia.
Décadas de internet e muitas plataformas de streaming depois, o apelo da televisão já não é mais o mesmo, mas Vale Tudo marcou época e segue atual em mais aspectos do que gostaríamos de supor.
Diante das perdas provocadas por um cenário de hiperinflação, o ouro e o dólar funcionavam como porto seguro para os investimentos.
Três décadas e meia depois, o dólar segue forte e o ouro renova sucessivamente sua máxima histórica. Na madrugada de hoje, por exemplo, o reluzente metal atingiu a impressionante marca de US$ 3.145,00 por onça (cerca de 30 gramas).
Isso porque, no ambiente internacional, a semana começa com as incertezas derivadas do vale-tudo de Donald Trump em sua guerra comercial contra o resto do mundo. O governo norte-americano promete impor, a partir de quarta-feira, as tais tarifas “recíprocas”.
Agora é preciso voltar um pouquinho e abrir um parêntese. A inflação de hoje não faz nem cócegas na alta dos preços de outrora. Em 1988, quando a versão original de Vale Tudo foi ao ar, a inflação acumulada no ano passou dos 600% — e ainda pioraria muito antes de melhorar.
Hoje a inflação anual gira na casa dos 5% ao ano. Não é desculpa para relaxar. Mas, se a Odete Roitman de 2025 voltasse no tempo e contasse isso para a de 1988, seria ridicularizada.
O fato é que gato escaldado tem medo de água fria. Para o brasileiro, a renda fixa tem tanto apelo hoje quanto há três décadas e meia. Afinal, os preços podem ter ficado sob controle, mas parece inexistir santo capaz de derrubar consistentemente os juros.
O mercado de capitais evoluiu muito de 1988 para cá. Na época, a classe média pirava no overnight.
De maneira bem sucinta, os bancões abriam para parte dos clientes a possibilidade de investir o saldo bancário final do dia a taxas próximas da aplicada aos empréstimos interbancários feitos na virada da data.
A remuneração ficava disponível na manhã seguinte e ajudava a atenuar as perdas para a inflação.
Hoje, a variedade de instrumentos disponíveis ao público em geral é muito maior e mais sofisticada. Mas a renda fixa ainda faz a cabeça de muita gente.
Na reportagem especial de hoje do Seu Dinheiro, a Monique Lima ensina a proteger os investimentos em tempos de vale-tudo.
Afinal de contas, com a estratégia correta, é possível bater o CDI com uma carteira 100% conservadora, o que inclui LCIs, LCAs, CDBs e Tesouro Direto.
Esquenta dos mercados
Enquanto aguarda as cenas dos próximos capítulos, o Ibovespa chega à última sessão de março com uma alta acumulada de mais de 7% no que vai do mês.
Para além da guerra comercial, os investidores reagem nos próximos dias a dados de emprego nos EUA e aos números da balança comercial — de lá e daqui.
A agenda econômica da semana você confere no trabalho do Guilherme Castro Sousa. |
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| MAIS SOBRE O AUTOR
Ricardo Gozzi É jornalista e escritor. Passou quase 20 anos na editoria internacional da Agência Estado antes de se aventurar por outras paragens. Escreveu junto com Sócrates o livro 'Democracia Corintiana: a utopia em jogo'. Também é coautor da biografia de Kid Vinil.
COLABORAÇÃO
Vinícius Barroso e Dani Alvarenga
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