Segundo dados do Ministério da Saúde de 2020, cerca de 14% das gestantes no Brasil tinham 19 anos ou menos. Ou seja, eram adolescentes para os critérios da Organização Mundial da Saúde.
Conciliar a juventude com a maternidade não é fácil –muitas dessas meninas ainda estão na escola, ou até largam os estudos. Algumas, porém, recorrem à vida de influenciadora no TikTok.
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Bárbara Blum
Escreve sobre gênero no Todas e apresenta o podcast Modo de Viver. Foi editora-assistente da Ilustrada
Com o TikTok, maternidade adolescente ganha os holofotes
Se você é do tempo da antiga MTV, deve ter ouvido falar do programa de TV "Grávida aos 16". O reality show foi ao ar de 2009 até 2014 e acompanhava a vida de meninas que, como entrega o título, engravidaram aos 16 anos.
Cada episódio contava a história de uma adolescente, da gestação até pouco depois do parto, e mostrava como ela e a família lidavam com os percalços daquela gravidez. Eram comuns intercorrências de saúde, brigas com os pais da gestante e namorados sem noção. Na época, a série era um sucesso.
Se, por um lado, as histórias das meninas gestantes e jovens mães conscientizavam muitos adolescentes nos Estados Unidos e no mundo, por outro, dava um certo verniz de glamour à gravidez adolescente, agora objeto de um reality só seu, com suas protagonistas alçadas aos 15 minutos de fama.
Existem diferenças notáveis. Na reportagem, algumas são jovens de 19 anos que primeiro engravidaram e, depois, viram nisso um nicho de mercado para tentar lucrar e arcar com as despesas da maternidade.
O que parece permanente é o interesse do público em saber como vivem, o que comem, onde (e quando) dormem as jovens e seus bebês.
Essas mães, que agora se encontram nas redes sociais, usam o apoio umas das outras para derrubar o estigma de situações como o barrigão de oito meses na sala de aula.
Vale lembrar que nos Estados Unidos da época do "Grávida aos 16", ainda vigorava a Roe v. Wade, decisão judicial que garantia o direito ao aborto a nível federal. No Brasil, o aborto só é permitido em casos de anencefalia, risco à vida da mulher e estupro –que inclui situações em que a gestante tem menos de 14 anos, idade mínima para o consentimento.
Participantes da série 'Grávida aos 16'
Você já deve ter ouvido falar que existem pesquisas sérias que usam escamas de peixe para recuperar pele queimada, certo? Mas você sabia que existe um procedimento que usa a placenta para recuperar o tecido queimado? Isso acontece porque esse órgão, formado durante a gestação, é rico em nutrientes e em células-tronco.
Apesar de mostrar bons resultados, a maiora das 3,5 milhões de placentas entregues nos Estados Unidos anualmente acaba descartada ou incinerada.
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