Viés da História O estilo de João podia ser visto como uma forma de narrativa, moldando uma história de transformação e superação. As pessoas tendem a se conectar com histórias pessoais e inspiradoras. E esse viés aumentava a eficácia de sua abordagem, já que a equipe se identificava com a trajetória de mudança que ele compartilhava. Viés do Sobrevivente João inadvertidamente apresentava uma visão distorcida do sucesso, focando apenas em exemplos de quem adota a mentalidade certa e ignorando os desafios e falhas ao longo do caminho. Isso superestimava o sucesso daqueles que seguiam sua liderança, enquanto a narrativa excluía totalmente os fracassos. Atalho de Fluência A mensagem direta e simples de João, de que o sucesso estava em assumir responsabilidade e agir, era fácil de entender e replicar. O que ampliava ainda mais seu impacto. O simplismo de sua abordagem se encaixava bem com esse viés, tornando a mensagem atraente para um grande público, inclusive outras pessoas dentro da organização. Efeito Dunning-Kruger O incentivo de João para que cada pessoa acreditasse que podia mudar sua realidade fazia com que alguns superestimassem suas capacidades iniciais, sem compreender a complexidade total dos desafios. No entanto, à medida que as pessoas aprofundavam sua compreensão, podiam perceber as limitações dessa crença. Viés de Confirmação João e sua equipe eram influenciados a filtrar apenas as informações que reforçavam a narrativa de que “só depende de nós” para alcançar o sucesso, ignorando fatores externos e estruturais que poderiam interferir, o que criava uma visão simplificada da realidade. Embora sedutor, o simplismo das narrativas dá conta da complexidade? Para quem conhece os conceitos de complexidade e interdependência, sabe que o discurso de João é recheado de lacunas e falta de profundidade analítica e sistêmica. Afinal, responsabilizar apenas os indivíduos pelo fracasso ou sucesso desconsidera outros fatores — como a dinâmica organizacional ou mesmo as circunstâncias pessoais de cada um. João era simplista em sua abordagem: tudo se resumia à iniciativa individual. É uma mentalidade que ignora a importância do suporte e recursos disponíveis na organização, da estrutura adequada e das condições externas que, muitas vezes, estão fora do controle de quem se esforça. Embora o estilo coach tenha seu valor, precisa ser complementado por uma visão de liderança verdadeiramente transformacional. Ou seja, que reconheça a complexidade dos sistemas, equilibrando minimamente a responsabilização individual com a consciência de que o contexto, os recursos e o apoio também influenciam os resultados. Até a próxima, Thiago Veras |