No telefone, no WhatsApp, nas redes sociais... Há lugar de sobra para tentativas de golpe atualmente. Na edição de hoje, trago dicas para você não cair em algum ao procurar por vagas de emprego.
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Gabriela Bonin
Jornalista pela USP (Universidade de São Paulo), trabalha na editoria de Newsletter.
De olho nos golpes
Procurar emprego é uma tarefa exaustiva —principalmente para quem está desempregado há um tempo. Cair num golpe durante essa empreitada pode dificultar mais o processo.
"A situação está cada vez pior. Oportunistas se aproveitam da esperança daquela pessoa que está em um momento mais sensível, que é a busca por emprego", explica Ana Cláudia Peixoto, gerente de Gente da Sólides.
A maioria dos golpes visa obter dados ou dinheiro, de acordo com os especialistas.
↳ Os principais movimentos são de vagas enganosas ou falsos recrutadores, que buscam coletar dados pessoais ou fazer cobranças indevidas, diz Luana de Paula, sócia da Cia de Talentos.
Abaixo, trago dicas para ficar alerta e se proteger contra fraudes:
1. Não pague por inscrições ou candidaturas.
Não é comum cobrar do candidato para participar de um processo. Desconfie de qualquer oportunidade que faça essa solicitação de dinheiro antecipada, orienta Peixoto.
↳ Fuja de pagamentos para "garantir" sua vaga ou compras de materiais de treinamento.
2. Cuidado com o imediatismo.
Desconfie de vagas que trazem emergência ou um recrutador desesperado por rapidez. "O discurso de 'tem que ser agora para não perder a chance' não te dá a oportunidade de pesquisar, de olhar com profundidade", diz Luana de Paula.
3. Proteja seus dados.
Se não tiver certeza que a vaga é legítima, não compartilhe informações como RG, CPF, endereço completo, telefone e dados bancários. Informações financeiras só são solicitadas no momento da contratação, nunca antes disso, explica a porta-voz da Cia de Talentos.
4. Atente-se a detalhes da oferta da vaga.
Propostas mal redigidas, com erros gramaticais, links estranhos, ou que pedem informações sensíveis sem um processo formal são um sinal de alerta, complementa a gerente da Sólides. "Fique atento também a e-mails provenientes de domínios genéricos, como @gmail.com ou @yahoo.com, em vez de domínios corporativos."
5. Priorize canais oficiais para candidaturas.
As plataformas de vagas são muitas, como Gupy, Indeed, Infojobs, Vagas.com, Glassdoor, Cia de Talentos e até mesmo o LinkedIn... Elas podem ser frustrantes nas respostas, mas garantem confiabilidade. Evite enviar currículos ou preencher formulários em sites que não sejam oficiais, orienta Peixoto.
6. Conheça o mercado em que você trabalha.
Saiba o padrão de remuneração para a posição que você está procurando, explica Paula. Se encontrar uma vaga oferecendo muito mais do que o normal ou um dinheiro "fácil", desconfie.
7. Pesquise muito.
Ficou em dúvida? Vá atrás de formas de confirmar a veracidade da oferta de emprego.
↳ Use ferramentas como LinkedIn, Glassdoor e Reclame Aqui. Faça uma busca do nome do recrutador que te procurou. Entre em contato com a empresa para confirmar se estão realmente oferecendo a vaga.
"Esteja sempre alerta, mas não desista", diz Luana de Paula. "Infelizmente, há pessoas que querem trapacear, mas também tem quem dê apoio e te ajude a se desenvolver no mercado de trabalho."
Conselhos de CEO
Profissionais em cargos executivos dão dicas para quem está em início de carreira
Luiz Menezes, 25, CEO e fundador da Trope
Sobre ele: Luiz Menezes é criador de conteúdo e empreendedor. Atua na área de comunicação há 8 anos, com experiência em eventos, marketing de influência e digital PR para marcas como Meta, Itaú, Mondelez, P&G e Oi. Fundou o InstitutoZ, especializado em comportamento de consumo da geração Z. Hoje, está à frente da Trope, consultoria que busca facilitar a entrada de nativos digitais na comunicação.
Meu primeiro emprego... Foi na Avalon Eventos, produtora de eventos geek no interior paulista. Em três anos, ajudei a organizar e produzir cerca de 50 feiras. Meu primeiro emprego foi para trabalhar com "creator economy" (economia dos criadores) quando esse nome ainda nem existia. Ter atuado neste segmento com pessoas que criavam conteúdos para a internet logo no início da minha carreira me fez perceber o quanto o mercado evoluiu rapidamente.
Um erro do qual não esqueço... Sempre achar que estava despreparado para uma oportunidade, como falar em público ou conduzir reuniões. Era um olhar autocrítico de que tudo "faltava". Sendo LGTBQ+, do interior de SP, sem domínio do inglês ou outra língua, e sempre o mais novo das mesas de tomada de decisão, o início da minha carreira foi marcado por bastante dualidade entre a insegurança de me paralisar e a sede por novas experiências.
O que eu faria diferente... Assumiria riscos mais cedo! Abriria antes a Trope, consultoria que fundei em 2021. Eu empreendia desde 2017, mas busquei ter capital de giro o suficiente antes de abrir mão de um emprego que tomava oito horas do meu dia. Teria me jogado mais nos riscos, sabendo que a possibilidade de fracasso e o erro não me definiriam.
Uma habilidade essencial... A de fazer conexões. De entender que são as relações que construímos e as pessoas das quais conhecemos que ditam os acessos e as oportunidades. E é justamente nisso que vejo a maior desigualdade. Sinto que existe a necessidade de compartilharmos nossas redes com quem tem potencial, mas precisa apenas de conexão para que os recursos, ferramentas e investimentos venham.
Um conselho para jovens profissionais... Calma, vai dar tempo. Você ainda é muito jovem e já se cobra demais. O processo é sobre criar redes, conexões, conhecer pessoas, e ter consistência no que faz. O tempo parece inimigo, mas deve ser olhado como aliado. Está tudo bem não ter experiência, muitos cursos ou domínio da língua. Curta mais o processo e se firme nas redes de apoio e com semelhantes.
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